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Brasil terá fundo inédito de 80 milhões de euros para financiar ônibus elétricos

Do PORTAL UNIBUS
Foto: Divulgação (Eletra Bus)

A Bloomberg Philanthropies, o Ministério das Cidades, o Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, o BTG Pactual, o Mitigation Action Facility e o WRI Brasil anunciaram a criação de um Fundo de Melhoria de Crédito para Ônibus Elétricos no Brasil, no valor de 80 milhões de euros. O mecanismo, o primeiro do gênero no país, tem como meta acelerar a transição para o transporte público com emissão zero nas cidades brasileiras.

O anúncio foi feito durante o Fórum de Líderes Locais da COP30 e prevê a liberação de cerca de 450 milhões de euros em empréstimos privados para financiar a aquisição de mais de 1.700 ônibus elétricos e a instalação de infraestrutura de recarga nos próximos seis anos — o que representará um aumento de 235% na frota elétrica nacional. O projeto foi desenvolvido em parceria com o Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP) Brasil, a Catalytic Finance Foundation e a C40 Cities.

Segundo os idealizadores, a iniciativa busca reduzir o risco de crédito associado a projetos municipais, considerados de alto risco pelos investidores, e facilitar o acesso das cidades a recursos para infraestrutura verde. O fundo será ancorado por um aporte de 24 milhões de euros do BTG Pactual, o maior banco de investimentos da América Latina, e uma subvenção inicial do Mitigation Action Facility, voltada à mitigação de emissões em setores prioritários.

De acordo com Roberto Sallouti, CEO do BTG Pactual, o fundo representa um passo concreto rumo a uma mobilidade urbana mais sustentável. “Apoiar a transição dos ônibus a diesel para elétricos ajuda a reduzir as emissões, melhorar a qualidade do ar e modernizar os sistemas de transporte público. É alinhar desenvolvimento econômico e sustentabilidade para gerar valor a longo prazo”, afirmou.

O enviado especial da ONU para Ambição e Soluções Climáticas e fundador da Bloomberg Philanthropies, Michael R. Bloomberg, destacou o papel do Brasil como referência internacional. “Este fundo ajudará a implantar ônibus com emissão zero em cidades de todo o país, enviando uma mensagem ao mundo de que, quando governos e setor privado atuam juntos, o progresso acontece mais rápido”, declarou.

O Ministro das Cidades, Jader Filho, ressaltou que o projeto reflete o compromisso do governo com a descarbonização da mobilidade urbana. “A agenda urbana é essencial não apenas para nossas metas climáticas, mas também para promover resiliência, mitigação e qualidade de vida”, pontuou.

Já Adalberto Maluf, secretário nacional do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, destacou os impactos diretos sobre o cotidiano urbano. “Ao eletrificar as frotas, não só reduzimos as emissões, mas também tornamos as cidades mais silenciosas, saudáveis e modernas”, afirmou.

O Mitigation Action Facility concedeu ainda financiamento ao WRI Brasil para preparar projetos e estruturar um programa de subsídios de 25 milhões de euros, sendo 16 milhões destinados ao capital inicial do fundo e 9 milhões para assistência técnica. Essa etapa também apoiará o fortalecimento da indústria nacional de ônibus elétricos.

As primeiras cidades beneficiadas serão Rio de Janeiro, Salvador, Curitiba e Belo Horizonte, com possibilidade de expansão para outras capitais. O prefeito do Rio, Eduardo Paes, celebrou a adesão da cidade à iniciativa. “O Rio tem orgulho de liderar essa transição. Queremos uma frota 100% de baixo carbono e mais qualidade de vida para os cariocas”, disse.

A gestão do fundo será feita pela BTG Pactual Asset Management, selecionada após processo internacional conduzido pela Catalytic Finance Foundation e pelo WRI Brasil, com apoio da Bloomberg Philanthropies e da C40 Cities. O modelo deve servir como referência para outros países que buscam viabilizar investimentos climáticos de grande escala.

De acordo com Clarisse Cunha Linke, diretora do ITDP Brasil, o fundo marca um marco transformador para o transporte público nacional. “Ao reduzir riscos e liberar investimentos, o Brasil avança para um ponto de inflexão na adoção de ônibus elétricos, com inclusão social e oportunidades reais para mulheres em toda a cadeia de valor”, ressaltou.

Luis Antonio Lindau, diretor do programa de Cidades do WRI Brasil, reforçou a importância da medida. “Cerca de 90% do transporte público no Brasil depende de ônibus urbanos. Tornar essa frota elétrica é essencial para melhorar a qualidade de vida e alcançar a neutralidade de emissões até 2050”, destacou.

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