Sistema de ônibus da Região Metropolitana do Rio de Janeiro perdeu 44% dos passageiros nos últimos 10 anos

Do PORTAL UNIBUS
Foto: Fernando Frazão (Agência Brasil)

No dia 15 de maio, a Coppe/UFRJ, com apoio da Semove, realizou o workshop “VLT – Mobilidade e Requalificação Urbana” na Associação Comercial do Rio de Janeiro. O evento discutiu o impacto da pandemia no padrão de deslocamento da Região Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ), apresentando um estudo do Programa de Engenharia de Transportes (PET) da Coppe/UFRJ sobre a visão dos usuários de transporte público antes e depois da crise sanitária. No mesmo evento, números que mostram a atual situação do transporte público no entorno da capital fluminense foram apresentados, mostrando uma queda de 44% no número de passageiros transportados nos últimos 10 anos.

O evento reuniu especialistas em mobilidade urbana e representantes de prefeituras e do governo estadual, incluindo o secretário de Mobilidade e Infraestrutura do Espírito Santo, Fábio Damasceno.

Frota pela metade e perda de 4 em cada 10 passageiros
Richele Cabral, diretora de Mobilidade Urbana da Semove, apresentou um panorama do transporte público por ônibus na RMRJ. Ela destacou que, desde 2014, as empresas de ônibus vêm perdendo demanda, resultando em redução e envelhecimento das frotas. “Nos últimos 10 anos, o número de passageiros pagantes encolheu 44%, a frota foi reduzida em cerca de 50%, e a idade média dos veículos aumentou de cinco para nove anos,” afirmou. Além disso, 30 empresas fecharam, reduzindo o quadro de rodoviários em 44,5%.

Richele também mencionou duas pesquisas da CNI (Confederação Nacional da Indústria) e da CNT (Confederação Nacional do Transporte), que apresentaram resultados semelhantes ao levantamento da Coppe. Os atributos mais citados pelos entrevistados foram disponibilidade, custo, conforto, tempo, segurança e confiabilidade.

Propostas da Coppe/UFRJ
O estudo, apresentado pela professora Cintia Machado de Oliveira, secretária executiva da Associação Nacional de Pesquisa e Ensino em Transportes (ANPET), foi dividido em três etapas. A primeira etapa consistiu em uma pesquisa de campo realizada entre agosto e outubro de 2023, com 4.323 entrevistados para identificar o padrão de deslocamento da população. A segunda etapa envolveu uma mesa-redonda com representantes das empresas operadoras do sistema de transporte público. Na terceira etapa, os pesquisadores analisaram artigos técnicos e projetos de sucesso em mobilidade de outros países.

Com base nas três etapas, a equipe da Coppe elaborou um top 10 de ações necessárias para transformar o transporte do Rio de Janeiro em um sistema sustentável. As ações propostas são:

  1. Restauração da confiança dos usuários.
  2. Maior participação do transporte público, com tempos de viagem reduzidos, linhas diretas, maior frequência, menor custo, conforto e segurança.
  3. Redução da tarifa por meio de subsídios.
  4. Investimento em infraestrutura nos primeiros e últimos trechos das viagens e nos pontos de ônibus.
  5. Adoção de medidas de gerenciamento de demanda, como pedágio urbano e restrição de estacionamento.
  6. Construção de infraestrutura dedicada ao transporte público, como faixas exclusivas ou seletivas.
  7. Uso de tecnologia para melhorar a comunicação com os usuários.
  8. Uso de veículos não poluentes.
  9. Planejamento de linhas que promovam a integração física e tarifária e evitem a sobreposição dos sistemas de transporte.
  10. Indicação de uma autoridade metropolitana para a coordenação das ações municipais.

Caminhos para a nova mobilidade urbana
Richele destacou que serviços compartilhados, tecnologia veicular, inovação, micromobilidade, segurança pública e viária, fidelização dos clientes, Big Data e prioridade para o transporte público são fundamentais para garantir a qualidade e sustentabilidade do transporte. “Essas coisas devem andar juntas, a partir de uma visão global para uma nova mobilidade urbana,” disse.

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