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Depois de ter sua licença não renovada em Londres, o Uber agora sofre novo revés no plano internacional. A empresa norte-americana recebeu ordem de uma corte de Justiça em Israel para que interrompa serviços testes realizados em Tel Aviv, “por não se encaixarem nas normas de transporte do país”.
Em Israel apenas taxistas podem transportar passageiros particulares. A decisão judicial, divulgada nesta segunda-feira (27), passa a valer já nesta quarta-feira (29).
Israel é reconhecido internacionalmente como um dos países mais inovadores no mercado de startups de mobilidade. Alguns exemplos: o Waze e o aplicativo Moovit, este último desenvolvido pela start-up israelense Tranzmate. Recentemente o país desenvolveu o app Mobileye, dedicado a carros autônomos e que foi adquirido recentemente pela Intel por US$ 15 bilhões.
A decisão da justiça israelense é mais uma derrota para a gigante norte-americana, após ela ter sofrido duas derrotas seguidas no Reino Unido.
O Uber, como tem feito nessas situações, repete a mesma resposta: a empresa informa em nota que permanece comprometida para trabalhar com as autoridades israelenses sobre “como explorar a tecnologia e como ela pode melhorar nossas cidades com alternativas seguras e baratas de transporte”.
IMAGEM DO UBER VEM CAINDO MUNDIALMENTE:
Um artigo divulgado nesta segunda-feira pela agência Bloomberg, empresa global de informações financeiras e notícias, assinado pelo colunista Leonid Bershidsky, ataca duramente a imagem da empresa americana: “O problema da Uber é ser uma empresa desleal”, diz o título.
Logo no primeiro parágrafo do artigo, publicado em alguns importantes jornais brasileiros, Leonid cita divulgação voluntária da Uber de um ataque sofrido há um ano, que expôs dados pessoais de 57 milhões de motoristas e passageiros. O jornalista escreve que este gesto poderia ser tomado como um sinal de que, sob o novo comando de Dara Khosrowshahi, “a empresa estaria mudando seu modo de fazer negócio”.
O próprio Leonid responde que não… “O maior problema da Uber ainda é sua cultura de desonestidade — algo que, fundamentalmente, a recente troca de comando não conseguiu alterar”, ele afirma.
Leonid cita em seu artigo vários exemplos que, segundo ele, configuram “uma cultura traiçoeira na Uber, do uso do software Greyball”. E cita outro caso recente: a Comissão de Serviços Públicos do Colorado, nos EUA, multou a Uber na semana passada em US$ 8,9 milhões “por não realizar as verificações de antecedentes adequadas e deixar que pessoas condenadas por crime e carteiras de habilitação irregulares transportarem passageiros”.
Esta falha do Uber – a verificação de antecedentes criminais – é crônica, segundo Leonid Leonid Bershidsky, e é “o cerne da decisão da autoridade de transportes de Londres de suspender a licença da Uber na cidade. A Uber fingiu cumprir os requisitos, mas muitas vezes os negligenciou na prática”.
Curiosamente o Uber sempre rechaçou no Brasil as iniciativas das prefeituras de exercer um maior controle sobre suas ações. Talvez agora, diante de casos envolvendo metrópoles como Londres e Tel Aviv, nossas autoridades possam refletir melhor. Afinal, não se trata de defender taxistas, mas sim de proteger o consumidor brasileiro.
No caso de Londres, o Uber preferiu recorrer da decisão ao invés de cumprir as exigências da Transport for London. Segundo o prefeito Sadiq Khan, essa batalha jurídica pode levar “anos”, o que permitirá que o Uber continue operando sem licença. Uma atitude nada ética, segundo o colunista da Bloomberg, que afirma não ser este “o tipo de comportamento responsável coberto pela nova norma cultural que diz que a Uber procura ‘aproveitar o poder e a escala das nossas operações globais para se conectar profundamente com as cidades, comunidades, motoristas e passageiros que atendemos todos os dias’”.
Leonid Bershidsky encerra seu artigo com um aviso: “Do jeito que está, a Uber continua a correr o risco de acabar como a Enron, uma empresa trazida abaixo pelo mesmo tipo de desonestidade que ainda corre nas veias da empresa americana de aplicativos”.