Alternativos incendiados: Investigação a passos lentos

Ninguém foi responsabilizado até agora pelo incêndio criminoso de duas vans e pelos ataques a tiros e pedradas a outros dois veículos na Zona Norte de Natal, ocorridos há dois meses num cenário de briga interna entre permissionários do transporte alternativo de Natal. Ameaças e agressões registradas durante as paralisações da categoria também continuam impunes, apesar dos boletins de ocorrências, fotos e vídeos apresentados pelas vítimas às autoridades policiais.
A denúncia parte de Júlio César Pereira, um dos permissionários que teve sua van, parte do carro e da casa incendiados na fatídica madrugada de 30 de novembro passado. Naquela mesma ocasião, uma segunda van foi incendiada e outros dois transportes alternativos sofreram atentados à bala e pedras de paralelepípedos nos conjuntos Soledade I e II, localizados na Zona Norte de Natal. Os veículos operavam a linha 314, em parceria com o Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Natal (Seturn), na comunidade de Nordelândia.
“Nunca aceitaram essa parceria e desde então sofremos ameaças e agressões por parte dos integrantes do Sindicato (Sitoparn). Mesmo com as ameaças que sofremos antes, com as provas destas ameaças que apresentamos, as investigações não andaram e nada foi feito depois dos incêndios”, protesta Júlio César Pereira.
Seu prejuízo, segundo calcula, goi R$ 100 mil, quando somada a destruição da van, os dias sem trabalho, a casa e o carro que também foram atingidos pelo fogo ateado propositalmente por indivíduos que, segundo testemunhas, estavam em uma moto.
“O que sobrou do eixo e da caixa de marcha consegui vender e com umas economias que tinha estou sobrevivendo. Tinha feito um empréstimo de R$ 12 mil para trocar o motor e perdi porque dias depois a van foi queimada. A sensação é de impotência e de insegurança, além da ideia de que ninguém será responsabilizado”, prevê.
Ele também precisou mudar de casa, que era alugada, e hoje mora em um imóvel cedido em outra região da cidade. Portando cópias dos boletins de ocorrência, fotos e vídeos, Júlio alega que, desde os atentados, tem procurado a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (Semob) e as delegacias onde os inquéritos estariam sendo executados, mas não obteve o êxito que desejava. “Disseram que as investigações não andaram porque faltam provas, mesmo com as suspeitas e as ameaças que já havíamos sofrido”, conta.
Somente na Delegacia de Plantão da Zona Norte foram registrados quatro boletins de ocorrência dos atentados no dia 30 de novembro, além de outros dois nos dias 21 de outubro e 13 de novembro, devido a danos provocados por tiros ou pedradas em microonibus.
Todas as vans atingidas operam (ou operavam) na linha 314. Júlio César também diz que foi um dos que sofreu agressão por integrantes do Sindicato do Transporte Alternativo de Natal (Sitoparn), em agosto passado, depois que os permissionários desocuparam a Prefeitura da cidade quando protestavam pedindo a unificação da bilhetagem eletrônica.
Enquanto a diretoria do Sitoparn estava reunida com o prefeito Carlos Eduardo, um grupo de permissionários fazia cumprir a ordem de retirada das vans das ruas, dada pelos diretores do sindicato, segundo afirma Júlio. O ataque ocorreu na Avenida Deodoro da Fonseca, Centro da Cidade, e foi gravado por câmeras de aparelhos celulares de pessoas e lojistas que testemunharam o incidente. As imagens mostram um grupo de homens que param a van e começam a atacá-la com socos e pontapés, ainda com passageiros dentro. Minutos depois a polícia chega, mas ninguém é detido.
O boletim de ocorrência desse caso foi registrado na 1ª Delegacia de Polícia da capital, na Cidade Alta, onde também consta outro assinado por Júlio, alegando no dia 19 de novembro ter sofrido ameaças por telefone, da parte de um dos diretores do Sitoparn, José Pedro dos Santos Neto (Pedrinho), que teria dito que o motorista que não obedecesse a ordem de retirada sofreria as consequências.
Fonte: Novo Jornal

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