A mudança climática é um problema que se torna a cada dia mais dramático , o que impõe a adoção de medidas emergenciais que possam garantir uma forte redução das emissões mundiais de gases de efeito estufa (GEE).
A China, ao contrário dos Estados Unidos de Donald Trump, tem se preocupado com o problema ambiental até por questões internas, já que a poluição do ar é um de seus maiores problemas, mas ao mesmo tempo tem desenvolvido um leque de ações que seguramente irão mudar o jeito de muitos países de lidarem com o tema.
Após divulgar em setembro de 2017 que pretende ampliar o uso de etanol combustível a todo seu território, o desejo de Pequim de se empenhar na luta contra a poluição ganha novas dimensões.
Também em setembro de 2017, o gigante asiático anunciou que a partir de 2019 vai impor metas de vendas domésticas de carros elétricos e híbridos para as montadoras e importadoras de veículos. A obrigatoriedade se aplica às fabricantes que produzem ou importam 30 mil veículos ou mais por ano. A medida tem duas intenções: uma é reduzir a poluição do ar, e a outra estimular a indústria doméstica de carros verdes.
Agora a China anuncia mais uma novidade em energia limpa.
A cidade de Jinan, capital da província de Shandong, construiu uma autoestrada feita com painéis solares. Com uma extensão de apenas dois quilômetros, numa área total de 5.875 metros quadrados, a via é composta por três camadas: betão transparente em cima, painéis fotovoltaicos no meio e isolamento em baixo.
Desenhada especialmente para transportes públicos e veículos elétricos, a estrada de Jinan tem duas vias destinadas à circulação normal e uma para emergências.
Com toda a área da via, quase seis mil metros quadrados, ocupada por painéis solares, a estrada pode gerar até um milhão de kWH por ano. Esta energia é mais que suficiente para atender as necessidades domésticas de 800 casas.
A eletricidade produzida pela estrada alimentará não só a iluminação das ruas, como será utilizada para abastecer o sistema de derretimento de neve e os postos de carga dos carros elétricos.
Mas a experiência chinesa não é uma obra barata. Cada metro quadrado tem um custo de 458 dólares, cerca de 377 euros, ou seja, a estrada verde de Jinan é um projeto dispendioso. O que mostra que a relação custo benefício, para os chineses, extrapola a visão meramente financeira, e ataca justamente questões estratégias e futuristas. O barato hoje pode ser atraente para uma visão imediatista, mas num futuro imediato obras assim trarão custos muito maiores, principalmente quando envolvem questões ambientais, com alto na impacto na saúde pública.
Longe de ser uma via frágil, um dos responsáveis pelo projeto garante que ela suporta dez vezes mais pressão do que o asfalto normal. O especialista é Zhang Hongchao, do setor de Engenharia de Transporte da Universidade de Tongji.
Diário do Transporte