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Segundo pesquisa do Instituto Ideia Big Data, a procura por transporte individual por meio de aplicativos tem crescido, contribuindo para a queda de demanda pelo transporte público (veja artigo sobre o assunto na pág. 24). Mas o mesmo instrumento que acirra a concorrência pode se tornar uma alternativa para operadores do transporte coletivo recuperarem e até aumentarem o número de usuários do serviço. O uBUS, solução digital que visa oferecer um serviço diferenciado de transporte coletivo, no qual o cliente poderá reservar horários da viagem e escolher os assentos por meio de aplicativo, começou a ser testado como projeto piloto pela empresa SBCTrans, em São Bernardo do Campo (SP).
Para Rodney Freitas, CEO da uBUS, a plataforma foi pensada exatamente para ajudar as empresas a se reinventarem, otimizarem o serviço, recuperarem e fazerem novos clientes. “O que a gente identificou no mercado, conversando com vários empresários e entendendo um pouco do dia a dia das garagens, foi a queda bastante significativa de passageiros. E, em princípio, a queda está muito atrelada ao transporte sob demanda dos aplicativos “, explica.
O serviço
Diferente das viagens compartilhadas, nas quais as pessoas solicitam o carro em diversos pontos da cidade e o veículo desvia o caminho para atender a todos, na plataforma uBUS o próprio cliente define uma rota que será compartilhada com todos os outros que estão acessando o app. Também é possível ter rotas fixas (todo dia no mesmo horário) e rotas para eventos.
Pensando sempre no trânsito, na agilidade e na maior possibilidade de passageiros dentro da rota – o que permite que ela se torne fixa –, o algoritmo do app traça o melhor caminho para partida e destino solicitados pelo cliente. Aqueles que queiram comprar assentos de determinado trajeto, mas que não estejam exatamente no ponto em que o veículo irá passar, são avisados para que cheguem no ponto e no horário escolhidos para poderem embarcar.
“O conceito é esse: um transporte coletivo sob demanda em que o próprio passageiro propõe rotas que são compartilhadas com todos, enquanto o aplicativo faz o controle e a venda desses assentos. É uma mescla entre o transporte coletivo comum que existe hoje com um pouco de fretamento urbano, que é quando a gente faz reserva e uma rota específica para aquele local”, define Rodney.
O CEO explica que esse modelo é considerado um transporte regulamentado porque a plataforma é utilizada exclusivamente por empresas detentoras de licença ou concessão para operação de transporte público nas cidades. O uBUS oferece um tipo de serviço que é complementar às redes de transporte público por ônibus existentes. “A nossa proposta não é criar um transporte clandestino por aplicativo. É criar um portfólio maior de produtos para as empresas que já operam naquela região”, reforça.
A Plataforma
A solução completa oferece quatro serviços interligados: os apps do passageiro e do motorista, um módulo administrativo e outro de pagamento. Para oferecer o serviço, o veículo precisa ser preparado para receber um computador de bordo, que permita a telemetria com o motorista, um GPS – que integra o próprio sistema – e uma conexão 4G.
Todos os investimentos em veículos, equipamentos a bordo, motoristas e treinamentos, assim como horários de funcionamento, valores e outros detalhes são definidos juntamente com o órgão gestor de transporte de cada cidade e realizados pelos operadores licenciados ou concessionários.
‘’O CONCEITO É ESSE: UM TRANSPORTE COLETIVO SOB DEMANDA EM QUE O PRÓPRIO PASSAGEIRO PROPÕE ROTAS QUE SÃO COMPARTILHADAS COM TODOS’’.
Sobre o custo do serviço, a uBUS relata que a solução está no mesmo patamar de outros softwares do mercado. A concessionária que adquirir o produto também deverá pagar à startup um percentual sobre o valor da tarifa (que pode variar de 8% a 15%, dependendo da demanda, da região e do investimento feito em cada veículo). Outro modelo de negócio testado foi o de pagamento por veículo, mas que a princípio não se mostrou muito atrativo para nenhum dos lados.
A plataforma oferece ainda um canal de comunicação por meio de um chat (24 horas por dia, sete dias na semana) aos passageiros. Todo o atendimento é gerenciado pela uBUS, que recebe a demanda (elogios, sugestões e críticas) e envia para a empresa concessionária dar um posicionamento, que depois é repassado pela própria uBUS ao passageiro. Dessa forma, a startup pode ter um melhor feedback sobre a ferramenta.
Tarifa e venda de assentos
O cálculo da tarifa é definido junto com o poder público e concessionário do serviço da região. A plataforma está preparada para dois modelos de cobrança. O primeiro é a tarifa fixa – como acontece hoje com o ônibus urbano –, no qual a pessoa faz reserva do assento e viaja dentro da rota escolhida. O segundo é por meio de um algoritmo que avalia os horários, o trânsito, faz um cálculo de quilometragem versus horário e gera uma proposta de valor para o cliente final.
A venda dos assentos é feita via qualquer cartão de crédito pré-cadastrado pelo passageiro no app, e um QR Code é gerado pelo sistema para ser validado por um leitor, que fica no interior do veículo, assim que o cliente embarca. A ferramenta permite o pagamento na opção débito, porém ainda não foi aplicado à plataforma.
NTU