Promotores afirmaram nesta terça-feira, 05 de março de 2019, que a Uber Technologies não foi criminalmente responsabilizada em um acidente ocorrido há um ano em Tempe, Arizona, no qual um dos carros autônomos da empresa atingiu e matou um pedestre. Relembre: Pedestre é atropelada e morta por carro autônomo do Uber nos EUA
Frame da rede ABC-15 mostra investigadores no local do acidente. AP/Ilustração |
O veículo, que estava sendo testado pela empresa de aplicativo de transporte, rodava em modo autônomo, mas tinha um motorista de segurança a bordo. Segundo a polícia de Tempe, Elaine Herzberg, de 49 anos, atravessava a rua fora da faixa de pedestres quando foi atingida pelo carro.
O promotor do condado de Yavapai divulgou em uma carta que “não há base para responsabilidade criminal” da Uber, mas que a motorista de apoio, Rafaela Vasquez, deve ser encaminhada à polícia de Tempe para investigação adicional.
A decisão dos promotores de não levar a cabo acusações criminais remove uma possível dor de cabeça para a empresa, enquanto executivos da multinacional tentam resolver uma longa lista de investigações federais, processos judiciais e outros riscos legais antes de uma oferta pública de ações prevista para este ano.
Segundo a agência Reuters o acidente, que envolveu um veículo utilitário esportivo Volvo XC90 que a Uber estava usando para testar a tecnologia autônoma, foi um revés do qual a empresa ainda não se recuperou: “seu teste de veículo autônomo permanece dramaticamente reduzido”.
O acidente também foi um golpe para toda a indústria de veículos autônomos e levou outras empresas a interromperem temporariamente seus testes, segundo a Reuters.
Já Rafaela Vasquez, a motorista da Uber, pode ser acusada de homicídio veicular, de acordo com um relatório da polícia de junho de 2019.
Com base em um vídeo feito dentro do carro, de registros coletados do serviço de streaming de entretenimento online Hulu e outras provas, a polícia de Tempe afirmou que Vasquez estava olhando para baixo e assistindo pelo celular a um episódio do programa de TV “The Voice” até mais ou menos o momento do acidente. A motorista teria olhado meio segundo antes de o veículo atropelar e matar Elaine Herzberg.
A polícia classificou o incidente como “inteiramente evitável“.
A Procuradoria da Comarca de Yavapai, que examinou o caso a pedido do condado de Maricopa onde ocorreu o acidente, não explicou o raciocínio que a levou a não encontrar responsabilidade criminal contra a Uber. O caso foi devolvido a Maricopa, com o pedido de mais análises especializadas do vídeo para determinar o que a motorista deveria ter visto naquela noite.
Um porta-voz do Uber se recusou a comentar a carta.
A National Transportation Safety Board, uma organização independente, criada em 1967, responsável pela investigação de acidentes na área de transportes, e a National Highway Traffic Safety Administration, agência do Departamento de Transportes do governo dos EUA, ainda estão investigando o ocorrido.
DISPENSANDO MOTORISTAS?
A Uber, em uma estimativa de mercado realizada no final de 2018, teria sido avaliada em US$ 120 bilhões em antecipação a uma oferta inicial de ações prevista para acontecer este ano.
A Reuters afirma que o programa de autogestão da multinacional, que custa centenas de milhões de dólares e ainda não gera receita, provavelmente será analisado pelos investidores.
“A empresa, que no ano passado perdeu cerca de US$ 3,3 bilhões, está apostando na transição para carros autônomos para eliminar a necessidade de pagar motoristas”, afirma a agência de notícias.
Líderes do setor têm lamentado a perda de confiança do público, reguladores e investidores após um ano do acidente em Tempe. A sensação é de que não há consenso sobre padrões de segurança para o setor.
Diário do Transporte