Bogotá e Santiago são cidades que avançaram no tempo rumo ao transporte limpo

Da Revista AutoBus
Fotos: Busscar Colômbia e Reprodução

Duas grandes capitais sul-americanas dão o exemplo rumo a sustentabilidade ambiental em seus sistemas de transporte coletivo. Em seus respectivos planos de modernização de suas frotas de ônibus urbanos, contemplam-se não apenas a introdução de veículos novos, mas também o emprego da tecnologia da tração limpa, por meio de motores Euro VI ou elétricos. Bogotá e Santiago lideram a busca por soluções que minimizem o impacto negativo causado pela poluição vinda dos sistemas de transportes. Há tempos que essas cidades sofrem com os efeitos nefastos das emissões poluentes à saúde de suas respectivas populações.

Com o objetivo de reverter esse quadro, investiram na renovação e no uso de propulsões limpas em suas frotas de ônibus. Bogotá (Colômbia) vem demonstrando seu compromisso com o melhor transporte, colocando em operação, desde o ano passado, ônibus com motores a gás natural (Euro VI) e com filtros de partículas, além de versões elétricas (100% a baterias). Já Santiago (Chile), segue o mesmo caminho, ressaltando a importância da eletromobilidade em seu sistema, adotando mais de 770 ônibus elétricos em sua frota até o final deste ano, além de um considerado número de veículos com motores a diesel padrão Euro VI.

No processo de aquisição de novos e modernos veículos, foi levado em consideração o aumento dos contratos de operação, de 10 anos para 14 anos em Santiago, no caso do uso de ônibus elétricos, e de 10 anos para 15 anos em Bogotá. Ambas as cidades estão preocupadas em oferecer um sistema de transporte coletivo confiável, eficiente e previsível. A participação do poder público, dos operadores e de empresas relacionadas com o fornecimento de energia tem papel fundamental para o sucesso operacional, com o estabelecimento de regras e incentivos para a aquisição de uma frota livre dos contaminantes e a disponibilidade energética.

Em Santiago, no Chile, a aposta pelos ônibus elétricos foi grande. Os veículos com motores a diesel Euro VI também possuem espaço no sistema local.

Os aspectos relacionados aos custos, melhores serviços, qualidade e rentabilidade são desafios na lógica do transporte urbano. Sem uma participação em conjunto de todos os atores envolvidos com o segmento, será impossível alcançarmos uma percepção positiva no momento do pós-pandemia. Os gestores municipais precisam assumir o compromisso ambiental e econômico se o verdadeiro interesse é promover o bem-estar aos habitantes das cidades. Não se faz mais transporte urbano sem recursos financeiros extras (taxação do transporte individual e sobre o uso de estacionamentos públicos, CIDE) visando o financiamento para a transição energética e outros aspectos envolvidos com a racionalização dos serviços. Em termos de relação entre poder público e operação (a transparência é o mínimo exigido), os contratos precisam ser repensados para atender as condições de remuneração à performance e atendimento à demanda, conforme a determinação pública e o investimento aplicado. A visão da tarifa mais barata não traz mais nenhum benefício, promovendo um ônus para todo o sistema.

Ainda, no contexto da virtude de se produzir transporte com qualidade, é preciso ressaltar que o bom resultado só se alcança por meio da priorização ao modal na estrutura urbana (corredores exclusivos, embarques e desembarques mais rápidos), permitindo produzir efeitos positivos quanto ao desempenho da mobilidade.

Enquanto vemos países da América do Sul se mobilizando para transformar um cenário negativo em oportunidade para o ambiente com qualidade e livre da poluição, o Brasil fica para trás, sem ter políticas definidas que possam corroborar o desenvolvimento sustentável. O País tem tudo para liderar a corrida da tecnologia limpa no transporte comercial. Basta levar a sério o assunto.

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