Do PORTAL UNIBUS
Foto: Divulgação (Busscar)
Se por um lado os ônibus internacionais têm transportado cada vez mais argentinos em direção ao Brasil, por outro, os brasileiros parecem pouco animados em fazer o caminho contrário. Dados da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) revelam uma queda acentuada na demanda por viagens rodoviárias rumo à Argentina em 2024. De janeiro a dezembro do ano passado, foram transportados apenas 4,2 mil passageiros do Brasil para o país vizinho — uma redução de 80% em relação aos 20,2 mil registrados em 2023.
As informações constam no Anuário Estatístico TRIIP, levantamento oficial da ANTT sobre o transporte internacional de passageiros por via terrestre. De acordo com o documento, o número de passageiros que viajaram de ônibus do Brasil para a Argentina em 2024 ficou bem abaixo da média histórica recente, que girava em torno de 12 mil por ano, e fez o país cair do primeiro para o terceiro lugar entre os principais destinos rodoviários internacionais partindo do território brasileiro.
Em 2024, a liderança coube ao Uruguai, com 22,5 mil passageiros, seguido da Bolívia, com 20 mil. A Argentina ficou atrás até mesmo do Paraguai em números absolutos de embarques registrados em algumas rotas. No total, 51,3 mil passageiros foram transportados em viagens internacionais de ônibus no último ano.
A ANTT destaca que os números podem estar subestimados, já que empresas estrangeiras não são obrigadas a informar toda a sua movimentação à agência brasileira. Ainda assim, a tendência de queda no fluxo de passageiros do Brasil para a Argentina também é confirmada por dados aéreos: segundo o Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec), apenas em fevereiro de 2025 houve um recuo de 42,8% no número de brasileiros visitando o país, totalizando 57,3 mil turistas no mês.
O principal fator por trás dessa mudança é a valorização do peso argentino ao longo de 2024, resultado da política cambial adotada pelo governo local. Com o real perdendo força em relação à moeda argentina, a viagem para quem parte do Brasil ficou mais cara — tanto por via aérea quanto terrestre. Já para os argentinos, o cenário é o oposto: o Brasil se tornou um destino mais acessível, o que tem impulsionado o turismo de entrada por rodovias.
Ainda de acordo com os dados do Indec, o número de argentinos que visitaram o Brasil apenas em fevereiro de 2025 foi de 703,6 mil — um salto de 96,9% em relação ao mesmo mês do ano anterior. A tendência reforça o novo padrão do turismo regional sul-americano, com mais argentinos cruzando a fronteira por rodovias, enquanto os brasileiros recuam diante do custo elevado da travessia.
