Do PORTAL UNIBUS
Foto: Divulgação (Volkswagen do Brasil)
A eletrificação de ônibus urbanos na Europa está consolidada como a tecnologia mais adequada para este tipo de operação. No entanto, a transição completa dos veículos movidos a combustão interna para modelos 100% elétricos enfrenta desafios significativos. Para enfrentar essas barreiras, fabricantes de ônibus estão encontrando novas oportunidades de negócios, como a prestação de serviços de consultoria para auxiliar operadores e prefeituras na transição.
Segundo Till Oberwörder, CEO da Daimler Buses, a complexidade da eletrificação vai além dos veículos em si e envolve a infraestrutura de carregamento e a gestão de dados relacionados à operação. “Estamos analisando muitos dados, como a topografia do percurso, o tempo de utilização e o fluxo de passageiros”, explicou Oberwörder. Ele destaca que a infraestrutura de carregamento é fundamental e que é necessário integrar diversos atores para criar estações de recarga adequadas às frotas.
A Daimler, inclusive, criou uma unidade de negócios dedicada a prestar consultoria a operadores de transporte público e prefeituras, auxiliando na implementação de frotas elétricas e no desenvolvimento de leis para o setor. “Fizemos essa consultoria com as prefeituras e os clientes. Analisamos as rotas e quantas vezes os ônibus requerem carregamento”, afirmou o executivo.
Um dos maiores desafios dessa transição está relacionado à infraestrutura básica de energia. A consultoria oferecida pela Daimler inclui o dimensionamento da oferta de energia nas áreas dos pátios de ônibus, o que pode exigir a instalação de subestações. Além disso, há o elevado custo das estações de recarga, cuja instalação e operação também são complexas. “Ajudamos a montar estas estações de recarga e agora estamos gerenciando as operações de carregamento”, disse Oberwörder.
Cenário no Brasil
No Brasil, os desafios para a eletrificação das frotas urbanas são semelhantes aos da Europa, segundo Achim Puchert, CEO da Mercedes-Benz Latin America. Ele afirma que as soluções desenvolvidas na Europa podem ser aplicadas no país, sem a necessidade de reinventar processos. “Tudo o que estamos fazendo aqui será transferido para lá, porque não precisamos reinventar a roda”, disse Puchert.
No entanto, ele ressalta que será necessária uma força-tarefa envolvendo tanto a iniciativa privada quanto o governo para viabilizar os investimentos necessários, como a criação de estações de energia e a instalação de carregadores. “Certamente precisaremos ter suporte para financiar e, também, por parte do governo”, complementou.
Oberwörder concorda que a colaboração entre o setor privado e o público é essencial para superar os desafios e acelerar a transição para os ônibus elétricos, especialmente em mercados como o brasileiro. Apesar da distância geográfica, o executivo afirma que a Daimler está preparada para apoiar essa transformação no Brasil, com uma estratégia integrada entre suas operações na Europa e na América Latina.
Ele finalizou destacando que a eletrificação dos ônibus deve crescer substancialmente até o final da década: “Estamos na década do ônibus, e o crescimento desse mercado será superior a 10% tanto na União Europeia quanto na América até 2030. E até o fim da década faremos 100% das vendas de ônibus elétricos na União Europeia”.