Natal inicia testes com ônibus elétrico

Simefre alerta para risco de desindustrialização com avanço de veículos importados da Ásia

Do PORTAL UNIBUS
Foto: Divulgação (TEVX Higer Bus)

O diretor do Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários (Simefre), Ruben Bisi, fez um alerta contundente sobre os impactos da entrada crescente de veículos importados da Ásia no Brasil, especialmente ônibus elétricos, caminhões, máquinas agrícolas e automóveis. Para o dirigente, a indústria brasileira enfrenta uma concorrência desleal, potencializada por altos subsídios estatais concedidos por países como a China e pela ausência do chamado “custo Brasil” nas operações estrangeiras.

Segundo Bisi, a indústria chinesa recebeu mais de US$ 230 bilhões em subsídios entre 2009 e 2023, incluindo incentivos voltados à pesquisa, desenvolvimento, infraestrutura e isenções fiscais. Apenas no ano passado, foram US$ 45,3 bilhões destinados ao setor, permitindo que muitas empresas exportem produtos a preços inferiores ao custo de produção — o que caracteriza prática de dumping.

A preocupação do setor se intensifica com a aquisição de ônibus elétricos importados por prefeituras brasileiras a preços superiores aos nacionais. “Temos visto ônibus elétricos chineses vendidos por até um milhão de reais a mais que os similares fabricados aqui. Enquanto um modelo nacional custa cerca de R$ 2,7 milhões, há registros de importados negociados por R$ 3,6 milhões, com recursos públicos”, relata Bisi. Ele também observa que muitas dessas empresas não possuem rede de assistência técnica no Brasil, o que compromete a manutenção e o atendimento pós-venda.

Outro ponto destacado é o financiamento público de veículos importados, sem exigência de conteúdo local mínimo, como prevê a regra do BNDES. “Hoje, o ônibus elétrico brasileiro já tem 59% de conteúdo nacional e exportamos carrocerias para mais de 120 países. Não faz sentido que o poder público financie veículos 100% importados, penalizando toda a cadeia produtiva nacional, do aço ao vidro”, critica.

Além dos ônibus, o avanço de marcas chinesas afeta outros segmentos como caminhões, máquinas agrícolas, linha amarela e automóveis, com participações de mercado que já chegam a 30% em alguns setores. “Não pedimos proteção, mas sim isonomia. Se nada for feito, o Brasil corre sério risco de desindustrialização em setores estratégicos do PIB”, adverte Bisi.

O Simefre tem buscado diálogo com prefeituras, ministérios e bancos públicos, solicitando a manutenção das regras de preferência por produtos nacionais nas compras governamentais e operações financiadas. “Estamos defendendo a indústria brasileira e, sobretudo, o equilíbrio competitivo. A indústria nacional não pode financiar sua própria destruição”, conclui Ruben Bisi.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.