Tráfego indevido em faixas exclusivas de ônibus rende 200 multas por hora no Brasil

Do PORTAL UNIBUS
Foto: Andreivny Ferreira (PORTAL UNIBUS)

Desde 2015, uma mudança no Código de Trânsito Brasileiro (CTB) tornou a infração de trafegar em faixas exclusivas destinadas ao transporte coletivo de passageiros uma infração gravíssima. Anteriormente considerada leve para a faixa à direita e grave para a faixa à esquerda, essa prática ainda persiste no Brasil. Somente em fevereiro de 2024, de acordo com o Registro Nacional de Infrações de Trânsito (Renainf), foram registradas 149.194 infrações por trafegar em faixas ou vias exclusivas de ônibus. Isso significa que mais de 200 condutores são multados por hora no país por desrespeitarem essas vias. Vale ressaltar que essa infração pode ser registrada por equipamentos eletrônicos, o que facilita a fiscalização.

A implantação de faixas exclusivas para circulação de veículos de transporte coletivo de passageiros tem como objetivo principal reduzir o tempo de deslocamento das viagens e favorecer os sistemas de mobilidade urbana das grandes cidades.

Segundo um estudo da Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo (CET), as faixas exclusivas têm o potencial de reduzir em média 38 minutos por dia o tempo de viagem de quem utiliza o transporte público.

Para Celso Mariano, especialista e diretor do Portal do Trânsito & Mobilidade, o transporte coletivo é um dos pilares para o desenvolvimento urbano. “Numa grande cidade, o transporte coletivo deve ser atrativo e de qualidade. É preciso investir em aspectos como integração, informações claras ao usuário, pontualidade e mobiliário urbano adequado”, ressalta.

O especialista destaca que um dos desafios encontrados nas cidades com faixas exclusivas é o desrespeito dos motoristas de outros veículos, que muitas vezes priorizam o espaço individual sobre o coletivo. “Seria interessante investir em educação e cidadania, pois essa é uma questão clara de que os benefícios coletivos podem, e devem, estar acima dos individuais”, explica.

Fiscalização e benefícios das faixas exclusivas
Mariano reitera a importância da fiscalização como forma de conscientizar os motoristas. “Infelizmente, ainda é necessário que essa infração doa no bolso do cidadão para que ele respeite as regras”, conclui.

De acordo com dados da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), até 2023 existiam pelo menos 236 corredores de ônibus em 156 cidades de 38 países, incluindo faixas exclusivas e sistemas de Bus Rapid Transport (BRT).

No entanto, no Brasil, ainda são poucos os municípios que adotaram esse sistema. Exemplos como Niterói, Curitiba e São Paulo implantaram faixas exclusivas de ônibus desde 2018.

Além de reduzir o tempo de viagem, as faixas exclusivas para ônibus também trazem benefícios para as empresas de transporte. “Isso porque além de ganharem a possibilidade de otimizar a logística da frota, reduzindo gastos e diminuindo o tempo de trabalho dos motoristas e cobradores, podem investir na qualificação e em veículos mais modernos e menos poluentes”, afirmou a Associação NTU.

O estudo conclui que, quando esses aspectos são colocados em prática, há um aumento do conforto para os usuários e um incentivo para que deixem o carro em casa e optem pelo transporte coletivo. Essa mudança, por sua vez, traz benefícios para a mobilidade urbana como um todo nas grandes cidades brasileiras.

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