Internacional: Como Malta oferecerá transporte público gratuito em todo o país

Por Automotive Business
Foto: Divulgação (Via Automotive Business)

O arquipélago de Malta, no Mar Mediterrâneo, possui 316 km2 de área (20% da cidade de São Paulo) e 450 mil habitantes (menos de 5% da capital paulista). Por ser pequeno, é um país com economia modesta e pouca influência geopolítica. Mas já está dando exemplo: a partir de 1o de outubro, Malta será o segundo país do mundo a oferecer gratuidade total no transporte público.

O primeiro país a fazer tal oferta foi Luxemburgo, que é apenas um pouco maior em área. A medida foi instaurada no país em 2020 e é válida para residentes e turistas, abrangendo ônibus, trens e trólebus. O objetivo era diminuir os congestionamentos no país – por isso, a iniciativa fez parte de um pacote que incluiu a criação de novas linhas férreas e novas ciclovias.

Em Malta, a medida será aplicada a todos os residentes e possuidores do cartão Tallinja, o bilhete padrão que é usado para pagar o transporte local. Isso significa que os turistas precisarão continuar pagando pelas viagens. Será válida para ônibus, trens, trólebus e transporte marítimo (o que é muito importante, considerando que se trata de um arquipélago). O único modal que fica de fora é o metrô, que ainda não existe por lá, mas está em planejamento. Segundo o governo, cada habitante irá economizar 300 euros por ano com essa nova gratuidade.

O transporte público em Malta já é gratuito para pessoas com entre 14 e 20 anos, estudantes com mais de 21 anos, PCDs e idosos com mais de 70 anos. A ideia de ampliar a gratuidade para toda a população foi originalmente proposta pelo antigo Primeiro Ministro Joseph Muscat em 2019. O anúncio foi finalmente feito em outubro de 2021.

O grande objetivo desse movimento é, assim como em Luxemburgo, incentivar o uso do transporte coletivo e diminuir os congestionamentos. Ambos os países passam por crescimentos populacionais expressivos e precisam lidar com engarrafamentos constantes em suas vias construídas para um contingente menor. Por isso, o transporte público é a saída.

Incentivo à eletrificação: Mas essa não é a única medida sendo adotada por Malta. Novos cais estão sendo construídos em Malta e Gozo (duas das três ilhas habitadas do país) para expandir as rotas marítimas e aumentar a oferta de transporte.

Além disso, o governo criou um novo pacote de incentivo à eletrificação, já com o objetivo de neutralizar as emissões do transporte no país até 2050. O subsídio para as pessoas que comprarem um elétrico ou híbrido, que já era de 8.000 euros, vai passar para 11.000 euros. Quem entregar o carro a combustão no esquema ganha mais 1.000 euros e, se isso for feito na ilha de Gozo, são mais 1.000. Ou seja: o benefício total para a aquisição do veículo elétrico pode chegar a 13.000 euros (R$ 67 mil).

Ainda há mais vantagens como gratuidade no registro do veículo e liberação de pagamento do licenciamento pelos primeiros cinco anos. Outra medida é um benefício de 900 euros para quem instalar painéis fotovoltaicos em veículos como vans e micro-ônibus. E ainda haverá incentivos para aquisição de bicicletas (elétricas ou não) e veículos com acessibilidade para cadeira de rodas (elétricos ou não).

Para atender toda essa nova demanda elétrica que irá surgir, o governo anunciou planos de expansão da rede de recarga, que tinha apenas 102 pontos em 2021, para 6.500 até 2030. Isso é importante, considerando que a falta de estações de recarga vem se configurando como o maior obstáculo para a eletrificação no mundo. A frota de ônibus do país também está sendo gradualmente convertida para modelos elétricos, com mais de 300 veículos do tipo já nas ruas.

Em Luxemburgo, a demanda pelo transporte público passou de 31 mil passageiros por mês em fevereiro de 2020 para 42 mil em fevereiro de 2022 – e isso com a pandemia entrando em cena para atrapalhar. É bem possível que, assim que as obras de expansão das linhas férreas terminarem, esses números aumentem ainda mais. Se o exemplo desses dois pequenos países europeus der certo, é possível que seja aberto um precedente para o resto do mundo – já imaginou um Brasil com catraca livre?

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