Caio demite mais de 100 funcionários nesta segunda-feira

Por Leia Notícias
Foto: Rodrigo Coimbra/Ônibus Brasil/Ilustração

As empresas do Grupo Caio em Botucatu empregam mais de 5 mil trabalhadores

A Caio Induscar de Botucatu anunciou a demissão de funcionários na manhã desta segunda-feira, 1º de junho. As demissões estão ocorrendo devido a paralisação das vendas de ônibus, problema que já vinha sendo administrado pela empresa desde o ano passado, mas que chegou ao limite da empresa com a crise sanitária provocada pela Covid-19.

A Caio não confirmou o número de demitidos, porém algumas pessoas que foram dispensadas da empresa entraram em contato com o Jornal Leia Notícias e informaram que apenas nesta segunda-feira, 1º, foram 150 demitidos e este número deverá se repetir, diariamente, até quinta-feira, quando totalizaria cerca de 600 pessoas. A Caio não confirmou a informação à redação do Leia Notícias e a assessoria disse que na terça-feira poderá dar um posicionamento.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Botucatu, Cláudio Beiço, foram 130 funcionários demitidos nesta segunda-feira. “A proposta inicial da empresa era a demissão de 47% do efetivo, depois de muitas negociações chegamos a 8%, graças ao bom trabalho em conjunto do Sindicato e a Diretoria da Caio. Hoje foram 130 demissões. A previsão é que amanhã ocorram mais 130, aí encerram as demissões. Na quarta e na quinta vamos fazer a votação para um novo acordo, com estabilidade até 30 de novembro”, disse Beiço ao Jornal Leia Notícias.

As empresas do Grupo Caio em Botucatu empregam mais de 5 mil trabalhadores. O setor fabril é considerado o maior empregador industrial e no setor metalúrgico e mecânico da região.

No último sábado, 28, Maurício Cunha, diretor industrial da Caio Induscar, distribuiu um áudio negando a informação de que ocorreriam cerca de mil demissões, conforme anunciado por funcionários na rede social.

O empresário disse que não tem definição nenhuma sobre a quantidade de demitidos e ressaltou que os comentários sobre as demissões “são injusto, desumanos e um desserviço para a população”. A Caio não confirmou a informação à redação do Leia Notícias e a assessoria disse que na terça-feira poderá dar um posicionamento.

O mesmo funcionário que disse sobre as demissões, informou que além do problema da Covid-19, os desligamentos tem a ver com o mercado de ônibus, que diminuiu ano a ano, nos últimos 5 anos, agravado pela crise política e econômica, sanitário e burocrático, devido aos retrocessos em licitações que permitiriam mais empresas operando no mercado rodoviário, intermunicipal e urbano.

Mercado

Regularmente, as prefeituras e empresas concessionárias de serviços de transportes realizam compras de veículos no primeiro semestre de anos eleitorais, o que foi prejudicado também pela crise da Coronavirus. No primeiro trimestre deste ano, segundo dados divulgados pela Fabus (Associação Nacional dos Fabricantes de Ônibus), foram 1.028 ônibus urbanos e 46 micro-ônibus. Nesse mesmo período em 2019, foram 1.798 veículos urbanos e 153 micro-ônibus.

No final de abril, Walter Barbosa, diretor de vendas e marketing da Mercedes-Benz, uma das maiores fabricantes de chassis de ônibus do Brasil, previu um mercado 35% menor que em 2019, cando entre 13 e 14 mil unidades. No ano passado foram produzidos 21 mil chassis, dos quais mais da metade dos urbanos foram montados pela Caio Induscar de Botucatu. A expectativa da Mercedes Benz é de que o mercado comece a melhorar a partir de agosto. Em 2018 foram produzidos 27.668 ônibus.

Senado

Por outro lado, o horizonte da indústria de ônibus não tem boas perspectivas. No último dia 28 de maio, o Senado Federal retirou da pauta o Projeto 10.157, de 4 de dezembro de 2019, do Presidente Jair Bolsonaro, que instituía estímulos para o transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros. Segundo os senadores, a matéria foi retirada de pauta para construir alternativas em conjunto com o Ministério da Infraestrutura. A proposta deve retornar à discussão dentro de 30 dias.

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