Cidades foram feitas para agrupar pessoas. No entanto, na segunda metade do século 20, aconteceu exatamente o contrário e os territórios urbanos foram espalhados, explica o urbanista Peter Calthorpe.
Xangai, na China: plano é reduzir a frota de automóveis. Foto: Andrew Moore |
Na década de 1990, Calthorpe ajudou a convencer as autoridades de Portland, nos EUA, a construírem uma linha de VLT (veículo leve sobre trilhos) em vez de mais uma via expressa – e também a adotarem um zoneamento que concentrasse residências, escritórios e estabelecimentos comerciais ao longo do percurso. O “desenvolvimento urbano com base no transporte coletivo” firmou a sua reputação como um urbanista visionário.
O conceito não é uma ideia nova, conta Calthorpe, e sim um chamado para “a gente reinventar os antigos subúrbios servidos por linhas de bonde, em que havia núcleos comerciais fabulosos e áreas para caminhadas, tudo interligado pelo transporte público”.
O transporte público é a chave: ele teria de ser rápido e muito acessível. Agora, pensando em cidades do mundo inteiro, porém, Calthorpe não está propondo nenhum sistema de VLT. Ficaria caro demais, diz ele, e outras tecnologias, mais eficientes, estão prestes a chegar. Uma delas é o terror de muitos planejadores urbanos: os veículos autônomos, que dispensam os condutores humanos. Se ficarem nas mãos dos indivíduos ou de empresas como a Uber, avalia Calthorpe, os veículos autônomos só vão contribuir para o aumento da dispersão urbana.
Em vez disso, ele vislumbra o aproveitamento dessa tecnologia em prol das comunidades. No centro do El Camino, em pistas separadas e arborizadas, ele sugere a adoção de micro-ônibus que circulariam sem condutores. Eles chegariam aos pontos de parada com intervalos de poucos minutos, ultrapassariam uns aos outros quando necessário e fariam poucas paradas, pois um aplicativo reuniria os passageiros com os mesmos destinos. Em suas faixas exclusivas, esses veículos robotizados não correriam o risco de atropelar ninguém.
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