O conselho de administração da Scania, por meio de uma carta divulgada na terça-feira, 18, pelo comitê independente, recomendou aos seus acionistas que não aceitem a oferta pública para a compra de ações feita pelo Grupo Volkswagen em 21 de fevereiro, no valor de € 6,7 bilhões ou de € 30,57 por ação, com o objetivo de fechar o capital da montadora sueca.
No comunicado, o comitê afirma que, baseado nas projeções de crescimento de longo prazo e em sua experiência já comprovada no setor, além dos potenciais de sinergias, “a proposta não reflete o valor fundamental da Scania, muito menos o prêmio pelas economias a serem realizadas”. A recomendação foi feita com base em laudos emitidos pelos bancos Morgan Stanley e Deutsche Bank.
Em seu relatório, o Morgan Stanley argumenta como exemplo a cooperação e as sinergias possíveis entre a Scania e a MAN na criação de uma divisão de veículos pesados da Volkswagen: como não foram apresentados cálculos dessas economias, a instituição acredita que não há como determinar se os atuais acionistas podem se beneficiar. Por sua vez, o Deutsche Bank afirma que foram consideradas as últimas cotações dos papéis no mercado e fusões e aquisições semelhantes às da Scania, entretanto, lembra que não lhe foi garantida nenhuma informação além daquelas que já são públicas.
“A Scania é líder mundial em seu setor e o comitê tem muita confiança no plano de negócios desenhado pela companhia. Nossa visão é de que a oferta atual não reflete o valor de longo prazo da empresa”, comentou em nota o presidente do comitê independente, Asa Thunman.
Em contrapartida, a o Grupo Volkswagen publicou na mesma data um comunicado informando que sua oferta representa o valor máximo que os investidores da Scania podem esperar ter de retorno de suas aplicações na empresa. Além de discordar da posição do comitê formado por membros independentes do conselho de administração, a Volkswagen aproveitou para dizer que não há motivos para mudar sua proposta:
“(O preço) excede, em muito, o valor individual da Scania e ainda inclui um prêmio justo dos potenciais de sinergia de longo prazo, baseado na integração completa da fabricante de caminhões com o grupo Volkswagen. Ganhos com a cooperação só poderão ser realizados se a transação for bem sucedida, permitindo que restrições legais sejam derrubadas. Scania e Suécia continuarão a ter papel central em nossa estratégia de veículos comerciais”, afirma em nota.
O grupo também informou que aguarda os sindicatos para discutir as situações trabalhistas dos funcionários da Scania. Segundo a empresa alemã, o compromisso com os empregados será mantido, assim como as linhas de montagem da companhia sueca.
O prazo para que os acionistas da Scania decidam se aderem ou não à proposta termina em 25 de abril. Para que a Volkswagen possa fechar o capital da Scania e assim integrá-la à divisão de veículos comerciais com a MAN, precisa deter no mínimo 90% de seu capital social. Sua fatia atual de participação na Scania é de 62,6%.
Fonte: Automotive Business