O ano de 2013 vai entrar para a história com um precedente marcante na área de transportes: o clamor popular fez com que os governantes recuassem do reajuste das tarifas de ônibus. Porém, essa história e suas consequências não são fáceis de explicar. Cinco meses após a redução do preço da passagem no Rio de Janeiro, o prefeito Eduardo Paes já fala em novo aumento, previsto em contrato para janeiro de 2014. Em São Paulo, a tendência é de redução do valor, por meio da adoção de mais subsídios.
Por trás de iniciativas tão antagônicas, uma questão: transporte público de qualidade custa caro. Quem vai pagar essa conta? O secretário municipal de Transportes do Rio, Carlos Roberto Osório, defende o cumprimento dos contratos de concessão, que prevêem novo aumento em janeiro, para garantir a melhoria dos serviços. De acordo com ele, a meta de todos os ônibus da cidade estarem refrigerados até 2016 precisará ser revista. “Perdemos um ano”.
Atualmente, 18% da frota têm ar condicionado. Nossa previsão era de terminar o ano com 30%. Mas isso não foi possível porque não temos como exigir a renovação neste momento de desequilíbrio tarifário”, diz Osório, lembrando que, neste ano, apenas 4% dos ônibus mais antigos foram substituídos, quando a média dos anos anteriores chega a 15%. Segundo o secretário, se considerado um período de 12meses, o tamanho da perda como congelamento das tarifas é da ordem de R$ 200 milhões.
Porém, esse número pode ser muito maior. São R$ 0,20 (redução do preço em 19 de junho) multiplicado por 6,4milhões de passageiros pagantes, ou seja, R$ 1,28 milhão por dia. Esse valor pode ser multiplicado ainda por 25 para encontrar o valor mensal, de R$ 32 milhões, ou R$ 160 milhões nos últimos cinco meses, desde a redução das tarifas.
O presidente da Associação das empresas de ônibus do Rio (Rio Ônibus), Lélis Marcos Teixeira, diz que o momento é tenso e muitas empresas já começaram a sentir no caixa os efeitos da redução dos preços. Ele alega não haver receita suficiente para o dissídio coletivo do ano que vem. “Nós defendemos a segurança jurídica.
E que os contratos sejam respeitados”, afirma, ressaltando a importância da confiança do empresário no cumprimento dos contratos para poder investir nas melhorias, como a compra dos novos veículos articulados para os corredores BRT em instalação na cidade.
O diretor da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) Marcos Bicalho defende que cada prefeitura decida quem paga pelas melhorias: o passageiro ou o contribuinte. “A tendência é de subvenção. E aí entra o governo federal com um papel muito importante”, completa.
Fonte: Brasil Econômico