Greve no transporte: Segunda-feira de caos em Natal

Como era de se esperar, a capital do Rio Grande do Norte parou nesta segunda-feira. A cidade travou por conta da greve dos motoristas e cobradores de ônibus, iniciada a meia-noite, deixando Natal sem transporte público.

 
Durante a manhã de hoje, nossa equipe percorreu alguns dos principais corredores da cidade. O panorama era parecido: Paradas lotadas, trânsito caótico e nenhum ônibus circulando.
A situação fez o natalense tirar o carro da garagem e o trânsito, já caótico normalmente, piorou de maneira considerável. Avenidas como a Cap. Mor Gouveia, Prudente de Morais e Eng. Roberto Freire estavam com o tráfego congestionado em diversos pontos nos dois sentidos.
 
Vandalismo e piquetes: Mesmo com poucos ônibus na rua, a situação parece piorar cada vez mais à medida que a frota emergencial vai sendo posta para rodar. De acordo com informações divulgadas pelo jornal Tribuna do Norte, um ônibus foi apedrejado na Avenida Deodoro, em Cidade Alta.
Um veículo que fazia a linha Eucaliptos/Ribeira (Via Praça Cívica), foi alvo dos vândalos próximo a um colégio particular. De acordo com testemunhas, dois homens em uma moto cruzaram a frente do ônibus e começaram a jogar pedras na direção do motorista. Com medo, ele preferiu não seguir viagem.

Além disso, piquetes estão acontecendo nas garagens. Na empresa Cidade do Natal, foi precisa a intervenção da polícia e da SEMOB para que os veículos saíssem da garagem. Mesmo assim, o piquete persiste e vários funcionários estão em frente à empresa continuando o movimento.
Sem ônibus por todo o dia: A equipe do UNIBUS RN esteve em diversas áreas da capital ao longo desta segunda-feira e não avistou nenhum ônibus circulando. Em uma parada de ônibus no Centro da cidade, usuários comentaram estar à espera de ônibus há três horas. Notoriamente, os 30% da frota não entrou em operação e os usuários tiveram que recorrer aos transportes opcionais e ônibus de fretamento que estão atendendo trechos operados pelas empresas.

Devido à capacidade reduzida dos micro-ônibus, os opcionais não conseguem suprir a alta demanda de usuários. Já os ônibus de fretamento não estão atendendo todas as rotas, semelhante às linhas operadas pelas empresas de ônibus.
Ao final da tarde desta segunda, muitos motorista e cobradores das sete empresas de ônibus da capital (Transportes Guanabara, Santa Maria, Nossa Senhora da Conceição, Via Sul, Riograndense, Cidade do Natal e Reunidas) estiveram reunidos na frente do SINTRO – Sindicato dos Rodoviários, no Baldo. Eles demonstravam tranquilidade e conversavam entre si informalmente.

A sede do sindicato passou boa parte do dia com as portas fechadas. Equipes do Comando da Guarda Municipal do Natal e da Polícia Militar se posicionaram próximo à sede do sindicato para inibir possíveis ações de vandalismo nas ruas.
Entenda o protesto: Os rodoviários decidiram em assembleia realizada na última sexta-feira (12) pela deflagração da greve. A categoria pede reajuste salarial de cerca de 14%, a manutenção do valor de R$ 200,00 para o vale-alimentação, plano de saúde e melhores condições de trabalho.
O impasse entre patrões e empregados se agravou após o anúncio, por parte da Prefeita de Natal, Micarla de Sousa, de que não haveria aumento na passagem neste ano. Com essa justificativa, o SETURN alega que não pode dar o aumento pedido pela categoria. A proposta dos empresários é de reajuste salarial de 4,48%, índice de inflação medido pelo INPC (Índice nacional de Preços ao Consumidor) em 2011.
Além dessa greve, outro protesto trará mais caos a Natal. Nesta terça, tem início a greve nacional dos ferroviários. Quem tentará escapar do trânsito usando o trem, também terá transtornos.
O que diz o SETURN: O diretor de comunicação do Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Natal – SETURN, Augusto Maranhão, concedeu entrevista ao UNIBUS RN, comentando o atual estado da paralisação dos rodoviários.
“Uma greve inconsequente, desrespeitosa e de total falta de cidadania”, resumiu Augusto. Segundo ele, a frota de emergência que deve circular em casos como esse, que é de 30%, não está sendo cumprida. “A única empresa que colocou carros na rua foi a Cidade do Natal. Ainda assim são só dois. O resto foi quebrado”, completa.
Ainda segundo Augusto, o ato de vandalismo registrado pela Tribuna do Norte seria de autoria da diretoria do SINTRO. “São informações dos próprios motoristas”, complementa, afirmando que esse não é o único caso.
Por outro lado, procuramos representantes do SINTRO para comentarem o movimento grevista e os atos de vandalismo. Porém, até o fechamento desta edição, nem o presidente, Nastagnan Batista, e nem a vice, Maria da Paz, foram localizados pela nossa produção.
Por Andreivny Ferreira e Thiago Martins

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