Não existe segmento que, ao entrar em greve, interfira tanto na vida da população como os rodoviários. E esse ano eles vieram com tudo! Isso é bom para a categoria; Ruim para os empresários; e péssimo para a população. Difícil até questionar o caso; Ora, eles estão buscando o direito deles… Não quero desmerecer a categoria de motoristas e cobradores – é um segmento que eu admiro bastante – mas é notório que eles pouco se importam se não houve aumento de tarifa, mas houve de combustíveis, gastos das empresas, etc. São pais de família que dependem daquele meio de sobrevivência e buscam uma melhor remuneração.
Acho, porém, que essa questão não nos diz respeito. Como já falei, é algo paradoxal e os fatos desta segunda – primeiro dia de greve – já demonstraram a complexidade da coisa. Pois bem. Médicos, professores, agentes e servidores públicos e até mesmo policiais (não desmerecendo as outras categorias citadas) buscam também suas melhoras trabalhistas e salariais com greves, mas as paralisações não interferem tanto na vida da população de maneira geral – infelizmente milhares ficam sem atendimento hospitalar, sem educação, sem segurança, etc., mas são categorias exclusivamente ‘governais’: O acordo é entre os governos e as categorias. O povo é um qualquer, um terceiro, um dependente… São aqueles que não têm plano de saúde, escola e segurança particular – como se não fosse dever do Estado nos conceder.
Mas a greve de ônibus não! A greve de ônibus no Brasil interfere na engrenagem do mundo: Dinheiro. Antes fosse só o dinheiro que as empresas apuram (hoje mesmo, praticamente nem um ônibus circulou em toda a cidade. A movimentação de caixa das empresas foi zero; Fora os ônibus apedrejados… Prejuízo grande!). Falo do dinheiro que circula em toda a cidade. A movimentação da economia, sim! Milhares de pessoas não puderam chegar aos seus empregos; centenas não puderam realizar potenciais compras que fariam; até mesmo escolas e universidades dispensaram seus alunos, enquanto todas essas empresas (dos mais diversos segmentos) têm que pagar rigorosamente seus funcionários. Dinheiro que provém de onde, se clientes e funcionários não conseguem se quer chegar até o referido local?
Por mais que empresas e empresários não gostem, eles se sensibilizam (naturalmente) com a situação; Tanto que implicitamente o horário do comércio muda; Estabelecimentos fecham mais cedo, já que a dificuldade em transporte é grande, e os funcionários (que dependem de ônibus) enfrentam enormes problemas para voltar para suas casas. Mas tá: eles não gostam. Dinheiro é tudo, e na hora que eles virem que o cinto está apertando, vão utilizar toda influência do mundo para acabar com esta greve: Certamente chegará todo um aparato jurídico apoiado pelos empresários de ônibus – que não podem ter um veículo nas ruas – e ecoado pela população, que quer voltar a viver sua vida normal, e não pode pela falta de ônibus. Foi assim no ano passado, será assim este ano e, certamente, nos próximos anos também.
Sensibilizo-me com o direito de reivindicar do segmento, mas, principalmente, a população deverá ficar alerta: Os ‘grandes peixes’ vão acabar com esta greve. Eles podem até não utilizar ônibus, mas seus funcionários podem, e a greve não está os agradando! Não falo só no sentido ‘dos funcionários’, mas como um começo para a gigante parcela da população e o quanto a cidade está prejudicada. A conferir!
Thiago Martins