A Secretaria Municipal de Obras Públicas e Infraestrutua (Semopi) suspendeu a retirada de árvores do canteiro central da Avenida Capitão Mor-Gouveia por dez dias. A decisão responde às reclamações de organizações não governamentais de cunho ambiental que desde o último sábado manifestam oposição à iniciativa da Prefeitura de Natal, que já retirou mais de 40 árvores do canteiro central da avenida.
O trecho corresponde ao sistema binário em construção nas avenidas Capitão Mor Gouveia e Jerônimo Câmara como parte das obras de mobilidade urbana de Natal iniciadas em outubro deste ano. Há duas semanas que árvores são retiradas do canteiro central como parte das obras, o que motivou moradores e ambientalistas a se manifestarem contra o avanço das atividades neste sábado passado. O protesto teve fim quando acordaram com a Semopi em se reunir para o diálogo.
Vereadores, representantes das organizações e moradores da região se reuniram com Tomaz Pereira Neto, secretário da Semopi, na sala da presidência da Câmara Legislativa Municipal na manhã de ontem para discussão da situação. Eles requerem ao titular da pasta um projeto alternativo em que não seja necessário fazer mais nenhuma retirada. Alteração ambiental, paisagística e climática são as principais justificativas.
Entre os defensores ambientais, vários questionamentos. “Um patrimônio desse, como você repõe ele?”, questiona Francisco Iglesia, presidente da Associação Potiguar Amigos da Natureza (Aspoan) ao identificar árvores nativas no percurso da via. Craibeiras, oitis, carolinas, castanholas, são algumas das existentes, com uma média de vinte anos de vida “Não queremos ser contra o projeto, mas somos contra a derrubada”, frisa.
Ele ressalta ainda a deficiência da cidade em relação a arborização. De acordo com pesquisa, Natal está em terceiro lugar das capitais mais mal arborizadas do Nordeste. Os dados do Instituto Brasileiro Geografia e Estatística (IBGE) são de 2010.
A justificativa da Semopi para a retirada é o comprometimento da nova pavimentação de concreto armado. “Somente as árvores que interferem no pavimento estão sendo removidas”, declara. A licença que permite a supressão das árvores foi dada em 2011, na gestão anterior, e renovada ao início de 2013, pela Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente.
No licenciamento da obra consta a obrigação do cumprimento do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) como acordo alternativo para a não desapropriação de 525 imóveis, planejados no projeto inicial. Ficou decidido, então, que a empresa responsável pela obra, no caso, a E&T Engenharia, contrataria um estudo ambiental que direcionasse a retirada e a compensação ambiental. Para cada árvore removida, três deverão ser plantadas. A Semopi contabiliza um total de 113 árvores em toda via. A ação compensatória é determinante para conclusão da obra. Não se sabe quantas supressões a mais seriam necessárias pois o estudo ainda está em fase de conclusão.
Foto: Vlademir Alexandre (Tribuna do Norte)
Fonte: Tribuna do Norte