Pesquisa indica avaliação do usuário do transporte público em Natal

Cumpriu-se, esta semana, mais um estágio no complicado processo que está em gestação no Conselho Municipal de Transporte e Trânsito Urbano, a quem foi delegada a missão de discutir o aumento no preço das passagens de ônibus depois de 42 meses sem reajuste. Espera-se que essa etapa seja completada na próxima semana. A grande dificuldade nesse tipo de reunião é a falta de informação sobre as reações do usuário, em nome de quem o assunto está sendo discutido. Vale lembrar que quando a Prefeitura decidiu criar um “Conselho do Usuário”, descobriu-se que a grande maioria dos conselheiros usava o transporte individual.
Mas, na reunião de quarta-feira, foi apresentado o resultado de uma pesquisa, encomendada ao Instituto Consult, justamente para saber os pontos de vista de quem usa ônibus sobre o sistema de Natal. A pesquisa foi feita exclusivamente com usuários de transporte coletivo entre os dias 9 e 12 deste mês.
A primeira constatação é a avaliação predominantemente negativa que o usuário tem sobre o serviço que lhe é oferecido. Para 67.07% dos entrevistados o serviço é considerado ruim (30.34%) e péssimo (32.73%), enquanto o ótimo (0.6%) e o bom (6.19%) soma, apenas, 6.25%. A avaliação “regular” atinge 29.34%. Pesquisas semelhantes realizadas pelo Ibope, em 2006 e 2009, ofereciam nota 7.4 e 7.2 em 10 possíveis. Posições bem diferentes da atual que, assim mesmo já era esperada. O Sistema está agonizante.
A grande novidade é o peso que o usuário de ônibus dá ao preço da passagem, no conjunto de elementos por ele colocado na avaliação do serviço.
Numa pergunta aberta: “Em sua opinião qual é o maior problema enfrentado pelos usuários de ônibus em Natal?”. O preço da passagem ocupa o sétimo lugar (2.59%) depois de: 1- Demora nas paradas (42.71%); 2 – Ônibus lotados (31.54%); 3 – Ônibus Velhos (5.99%); 4 – Falta de segurança/assaltos (5.19%); 5 – Falta de linhas/itinerários (3.39%); 6 – Falta de estrutura nas paradas (2.99%); 7 – O preço da passagem (2.59%); 8 – A queima de paradas (2.00%); 9 – Outros (1.60%) e 10 – A forma de dirigir dos motoristas (0.20%). Quando foi feita a mesma questão apresentando dez objetivos, a questão do preço caiu para 8º lugar (4.05%).
Essa questão mostra claramente que aquele que usa  ônibus em Natal acha a qualidade do serviço que lhe é oferecido muito mais importante do que preço da passagem, colocado em sétimo lugar na sua lista de prioridades. Mas, quando o assunto é posto em debate, essa ordem é invertida e o preço se sobrepõe a todos os outros, mesmo se sabendo da existência de uma correlação entre o custo e o tamanho do benefício, pelo menos enquanto o serviço for uma concessão, operada por empresas que tem o lucro como objetivo.
Do ponto de vista do usuário, 73.25% aceita pagar mais, se existisse “mais ônibus, ônibus novos e vias exclusivas para ônibus no trânsito”, contra 12.57% que é contra e 11.78% responderam que “depende”.Além disso a partir da pesquisa, é possível traçar um breve perfil do usuário do ônibus em Natal e dos seus hábitos. Desse universo, 91.42% usam o ônibus, 7.58% usam ônibus e alternativos, e 1% usa, apenas, alternativos.
A grande maioria (57.88%) usa o ônibus para trabalhar e 19.16% para estudar. Outra informação é o número de passagens que são pagas diariamente pela maioria dos usuário: duas (49.91%); quatro (28.74%) e mais de quatro (8.18%) .Como existe a perspectiva de uma concorrência para as novas concessões, em vez das pressões de grupos organizados, um bom caminho talvez fosse ouvir o passageiro. Sem intermediários.
Fonte: Novo Jornal

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