Em 2014, o Brasil alcançou e ultrapassou a marca dos mil ônibus incendiados nos últimos 12 anos. Um levantamento realizado pela Associação Nacional das Empresas de Transporte Público (NTU), realizado com dados dos últimos 12 anos, aponta um total de 1.230 ônibus queimados em 106 cidades brasileiras, uma média de um ônibus incendiado a casa três dias e meio ou 84 horas. Sendo que mais da metade, 664 ocorreram apenas em 2014. Nos primeiros 28 dias de janeiro de 2015, 30 ônibus já foram queimados em todo o país, ou seja, mais de um veículo por dia deixou de prestar serviço à comunidade.
A região brasileira com maior número de ocorrências é a Sudeste, onde foi observado 1.028 (83,6%) do total de incidentes. Apenas em São Paulo foram registrados 483 ocorrências, ceca de 39,3%. A região Nordeste teve 124 ocorrências (10,1%), a Bahia foi o estado com o maior número de casos, 37. Em seguida vem a região Sul com 49 (4,0%), tendo Santa Catarina como líder, com 35 ocorrências.
As ações criminosas de queima de ônibus geram impactos e consequências à sociedade e aos empresários. Cada vez que um veículo é queimado, não apenas os usuários que estavam dentro do ônibus são prejudicados, mas aqueles que iriam utilizar o transporte público ao longo do dia também são afetados. Ao longo dos últimos 12 anos, 615 mil passaeiros deixaram de ser transportados por conta das baixas dos veículos.
A queima de um ônibus faz com que seja necessária a reposição, essa, além de não ser imediata, onera custos à empresa e consequentemente, do serviço de transporte público. O preço médio de um ônibus convencional é de aproximadamente R$ 350 mil e se o veículo for articulado pode alcançar até R$ 1 milhão. No total, no custo acumulado para reposição de veículos no período de 2004 a 2015, as despesas com os ônibus queimados chegam a R$ 0,43 bilhão.
Em abril de 2014, a NTU encaminhou uma carta à Presidenta da República, Dilma Rousseff, cobrando ações urgentes relacionadas aos incêndios a ônibus no Brasil e também publicou no jornal Correio Braziliense um anúncio, em caráter de “expressão de opinião”, com uma manifestação pública da entidade contra os vandalismos aos ônibus urbanos.
Apesar dos números preocupantes e dos constantes apelos do setor, nenhum dos projetos de lei que trata de punição para esses casos de incêndios a ônibus foi aprovado. Continuam tramitando no Congresso Nacional dois projetos de lei que podem inibir as ações de vandalismo ao transporte público. Um deles é o projeto 499/13, de autoria do deputado Romero Jucá (PMDB-RR) que tipifica o crime de terrorismo e prevê pena mínima de 24 anos e máxima de 30, caso a ação resulte em morte. O outro, PLS 508/2013, do senador Armando Monteiro (PTB-PE), prevê 35 anos de prisão para atos de terrorismo.
Fonte: Fetronor