O Brasil pode ter a mesma empresa que opera os tradicionais ônibus de dois andares em Londres prestando serviços nas cidades nos próximos meses.
A Tower Transit, que possui 450 ônibus na Inglaterra e que transporta 100 milhões de passageiros na capital britânica, abriu um escritório em São Paulo e buscar parceria para as concessões brasileiras. A capital paulista deve ser a primeira.
A informação é do Jornal Valor Econômico.
O presidente da companhia, Neil Smith, diz que a realidade do transporte no Brasil pode encontrar na experiência das empresas estrangeiras, alternativas interessantes.
“Vemos no sistema de transporte urbano no Brasil alguns sinais que apontam para mudanças que vão demandar mais ‘expertise’ e abrir espaço para companhias estrangeiras … Trânsito cada vez mais congestionado, menor capacidade para investimento em tecnologia e em frotas mais modernas, com custos crescentes e a taxas superiores à inflação são alguns gargalos que terão que ser enfrentados” – disse o empresário que também é integrante da família fundador da companhia.
O grupo da Tower Transit possui dois mil ônibus em concessões que movimentam em torno de um US$ 1 bilhão.
Além de operar desde 2013 diversas redes urbanas de ônibus urbanos em Londres, a empresa também atua na Austrália, onde foi fundada em 1995, e em Cingapura desde o ano passado.
Ao todo são cinco mil funcionários e o faturamento no ano passado foi de US$ 500 milhões, sendo que 33% desse valor vêm do Reino Unido.
O presidente da Tower Transit disse ao Valor que a empresa já tem acesso a recursos para investir no Brasil em disputas de grandes concessões, mas que não deve atuar sozinha e sim com parceiros locais, sendo que o modelo mais provável seria joint venture.
O frotista adiantou que já conversa com empresários brasileiros, mas mantém os nomes em sigilo.
Nos anos 1980, Smith esteve no Brasil para importar ônibus da Marcopolo. Ele disse que as leis de transportes aqui são complexas e desiguais entre as cidades, mas que o mercado agora com a crise econômica abre uma brecha para companhias estrangeiras.
“O Brasil é um mercado singular, com leis complexas”, afirmou o empresário. “Sabemos que há uma crise econômica e política, mas exatamente por isso vemos oportunidades. Se não fosse por esse momento, provavelmente não haveria brechas para companhias estrangeiras no segmento de transporte urbano”, apontou.
CIDADE DE SÃO PAULO PODE SER A PRIMEIRA:
Ao jornal, o empresário confirmou que a Tower Transit deve participar de licitações em grandes sistemas, inclusive na capital paulista, um dos mercados que mais chama atenção da gigante internacional.
“São Paulo é um de nossos interesses. Mas vamos monitorar oportunidades em outras capitais, como Rio de Janeiro e Belo Horizonte, ou mesmo grandes cidades secundárias”, afirmou.
A licitação de transportes da capital paulista foi aberta em 2013. Depois dos protestos contra asa tarifas, foi suspensa pela prefeitura e relançada em 2015 após contratação de uma empresa de verificação de contas. Logo em seguida, foi bloqueada pelo Tribunal de Contas do Município que apontou 49 pontos que precisariam ser esclarecidos, sendo liberada somente em julho de 2016 para alterações.
A licitação já prevê a participação de empresas internacionais.
A proposta que foi barrada pelo Tribunal de Contas do Município e que deve ser refeita, contempla contratos de 20 anos, renováveis por mais 20 anos, no valore de US$ 66,1 bilhões.
A empresa Tower Transit adiantou que onde ganhar no Brasil não vai operar ônibus de dois andares por questões técnicas.
Fonte: Diário do Transporte