No momento em que a cidade de São Paulo discute alternativas para reduzir a poluição gerada pelo óleo diesel dos ônibus, o que inclusive será determinante para que finalmente o edital de licitação dos transportes seja publicado, o sistema da Capital Paulista recebe um ônibus movido a gás natural.
A circulação do ônibus é a título de demonstração da fabricante Scania e, segundo o chefe de desenvolvimento de mercado da montadora, Eduardo Monteiro, começa na próxima segunda-feira, 04 de setembro.
O veículo vai circular atendendo passageiros pela Viação Gato Preto, do Consórcio Sudoeste, na linha 874C/10, que liga o Parque Continental ao Metrô Trianon-Masp, na Avenida Paulista.
Atualmente, apenas 212 ônibus na cidade de São Paulo têm condições de atender uma lei que visa reduzir a poluição na cidade. Este número representa 1,4% da frota total de ônibus municipais, que é de pouco mais de 14.700 veículos.
A lei 14.933, de 5 de junho de 2009, conhecida como Lei de Mudanças Climáticas, em seu artigo 50, determina que, desde 2009, 10% da frota movida a diesel fossem trocados por ano até que em 2018, nenhum ônibus municipal dependesse apenas de combustíveis fósseis.
Com o não cumprimento da lei, há agora uma discussão na Câmara para alterar o artigo.
O secretário municipal de mobilidade e transportes, Sérgio Avelleda, disse nesta semana ao Diário do Transporte, que a prefeitura entende ser mais prudente primeiro alterar a lei para depois lançar o edital da licitação dos transportes, que está atrasada há quatro anos.
Além de estipular um novo cronograma de substituição de frota, ambientalistas, vereadores, poder público, empresas de ônibus e indústria discutem, por vezes de maneira acalorada, alterar as exigências da lei.
Segundo o executivo da Scania, um dos debates é sobre a restrição a combustíveis fósseis. Eduardo Monteiro acredita que deve haver mais clareza quanto ao gás natural como opção.
“O gás natural é um combustível fóssil, mas oferece ganhos ambientais. O ônibus tem um motor a gás, mas pode ser movido a biometano (gás obtido da composição de lixo), cujas emissões são quase zero. Mas mesmo operando com GNV, há condições de reduzir em 90% os três principais poluentes que afetam a cidade e são relacionados ao diesel, material particulado, óxido de nitrogênio e monóxido de carbono, em comparação ao Euro V (atual tecnologia de restrição de emissões pelo diesel). O gás natural é melhor que o Euro VI (hoje em vigor nos EUA, Europa e Chile).”
Eduardo Monteiro também disse que do ponto de vista de custo operacional, o ônibus GNV é mais vantajoso que similares a óleo-diesel e que os problemas de abastecimento dos cilindros do veículo e de desempenho, que foram registrados em São Paulo entre os anos de 1990 e início de 2000, já foram superados devido aos avanços tecnológicos.
Diário do Transporte