Brasil desenvolve terceira versão de ônibus movido a hidrogênio

Enquanto o preço do diesel está no centro das discussões sobre transporte e mobilidade, um laboratório da UFRJ está pronto para lançar um ônibus que dispensa o uso de combustíveis fósseis. O modelo, movido a hidrogênio, começou a ser desenvolvido em 2005, ganhou seu primeiro protótipo em 2010 e chegou à terceira versão no ano passado. Agora, está em versão pré-comercial, com custos mais próximos aos de mercado.
Foto: Divulgação

O veículo é um dos destaques da 22ª Conferência Mundial de Energia do Hidrogênio, que reúne, de sábado a sexta-feira, 800 profissionais de 50 países no Rio. O encontro vai apresentar as possíveis aplicações do produto como combustível. Há experiências como geração de energia para aquecer residências e utilização em máquinas e equipamentos da indústria siderúrgica.
RETORNO ESTIMADO EM 3 ANOS
O ônibus da UFRJ, produzido pelo Laboratório de Hidrogênio da Coppe/UFRJ (LabH2), é equipado com um motor híbrido movido a hidrogênio e eletricidade. Com capacidade para 69 passageiros, tem autonomia de 330 quilômetros, suficiente para operação em grandes cidades como o Rio, explica Paulo Emílio de Miranda, coordenador do LabH2 e presidente da Associação Brasileira de Hidrogênio (ABH2). Hoje, o custo para produzir uma unidade é de cerca de R$ 1,5 milhão a R$ 2 milhões. O pesquisador estima que um ônibus convencional saia na faixa de R$ 500 mil. Miranda pondera, no entanto, que a perspectiva de produção em escala industrial e os baixos custos de manutenção compensariam o investimento, com tempo de retorno estimado em três anos.
— (O protótipo) é uma fabricação artesanal, de uma única unidade. Em larga escala, isso cai ao custo de ônibus a hidrogênio fabricados em alguns poucos lugares do mundo hoje. Além disso, a operação dele é mais fácil e mais barata do que a de um ônibus convencional. Não tem muitas partes mecânicas, não tem caixa de marcha. Isso faz com que, em poucos anos, a operação pague o investimento inicial — afirma.
Hoje, o projeto é feito em parceria com a Tracel, empresa criada na Coppe/UFRJ. Nos últimos anos, os investimentos chegaram a R$ 15 milhões, com financiamento de Furnas. Os desenvolvedores da tecnologia já começaram a conversar com as prefeituras de Volta Redonda, no Sul Fluminense, e Salvador. Na capital baiana, além dos ônibus, há a possibilidade de aplicar o motor híbrido em embarcações usadas na Baía de Todos os Santos.
Para Miranda, o potencial de aplicações do hidrogênio é maior porque o combustível é desenvolvido por meio de outras fontes renováveis, como a energia solar, no caso do usado na UFRJ:
— Levando em conta o potencial do Brasil hidrelétrico, de renováveis como eólica, solar e biomassa, esse potencial com certeza excede muito a demanda brasileira própria.
O Globo

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