A Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) questionou o artigo publicado pela Scientific Reports intitulado “Disentangling vehicular emission impact on urban air pollution using ethanol as a tracer”, que teve como objetivo o mapeamento da emissão veicular pela categoria de veículos (leves ou pesados) na poluição do ar da cidade de São Paulo.
Imagem – Arquivo SPUrbanuss |
Segundo a entidade, o estudo se equivoca ao ignorar a eficiência dos modos de transportes avaliados, com destaque para os ônibus urbanos que poluem menos por passageiro transportado que os outros modos motorizados. Em seu levantamento, a NTU aponta que dentre os modos de transporte de combustão interna, o ônibus é o mais eficiente. Quem utiliza o transporte coletivo polui menos, reduz os congestionamentos e contribui para uma vida melhor. Uma pessoa que anda de carro emite 65,8 gramas de gás-equivalente (CO2-e) por quilômetro, quase quatro vezes mais do que faria se estivesse andando de ônibus com outras pessoas (17 gramas). Investir e apoiar o transporte público também é garantir deslocamentos cada vez mais sustentáveis.
Ainda, conforme informou a Associação, os resultados do Inventário Emissões Atmosféricas do Transporte Rodoviário de Passageiros no Município de São Paulo (2015), relativos às emissões de gases de efeito estufa mostraram que diariamente são emitidas cerca de 10 kt CO2eq na cidade de São Paulo e a maior emissão de GEE (gases de Efeito Estufa) é proveniente da frota de automóveis, com 7,253 kt CO2eq (72,55%). As motocicletas são responsáveis por 0,313 kt CO2eq e a frota de ônibus emite 2,381 kt CO2eq (23,82%).
Esses resultados mostram a eficiência do transporte público quando comparado com o transporte individual, pois o sistema é responsável por 2,73% do VKm¹, produz 54,04% do PKm² e emite 23,82% dos GEE. Estes dados mostram também a participação preponderante da frota de veículos leves, dedicados ao transporte individual, nas emissões de GEE da cidade.
A NTU destacou que o referido estudo é inovador no que diz respeito ao monitoramento de poluentes no cenário de análise, principalmente pelo método que inclui o etanol como instrumento balizador. Entretanto, segundo ela, não há fundamentos na pesquisa que sustente qualquer recomendação e políticas públicas de transporte e de mobilidade urbana. Para isso, é necessário um conjunto de dados auxiliares que subsidiarão as ações e diretrizes governamentais para deslocamentos cada vez mais sustentáveis. Nesse sentido, o papel do transporte público e do ônibus como agentes transformadores é fundamental.
Revista AutoBus