SP: Anjo da Guarda

Você enfrenta alguma dificuldade para se locomover usando o transporte público coletivo na sua cidade? O desconhecimento das linhas, do lugar onde descer, ou algum outro receio fazem com que muitas pessoas deixem de andar de ônibus no Brasil. Em São Paulo (SP) não é diferente. Foi pensando nisso que o programa Bus Anjo foi criado. Desde novembro de 2017, voluntários ajudam pessoas a chegarem ao seu destino usando o ônibus.
Divulgação/NTU

O Bus Anjo é um programa da startup Pro Coletivo, fundada há um ano pela jornalista e publicitária Chantal Brissac e sua sócia, a também publicitária Anna Paula Serodio. Atualmente, a equipe do Pro Coletivo conta com a fotógrafa Lu Gebara e com voluntários de diversas áreas que buscam ampliar o número de pessoas que escolhem modais coletivos e alternativos como meio de deslocamento diário na cidade de São Paulo.
“O Bus Anjo surgiu pela constatação de que a maior parte das pessoas na capital paulista (e também em outros estados) não usa o ônibus por desconhecimento das linhas, por preconceito e por outros receios. Temos uma cultura no Brasil apoiada no uso do carro, o que atrapalhou bastante não só o uso do transporte coletivo como também o desenvolvimento desses modais. Muita gente ainda acha que usar ônibus é sinal de fracasso, algo desprezível. Isso é muito nocivo para as pessoas e para as cidades, que estão hoje com níveis de poluição muito acima do tolerável. Só em São Paulo, 11 mil pessoas morrem anualmente de doenças decorrentes dos efeitos da poluição”, destaca Brissac.
Divulgação/NTU
O nome Bus Anjo foi inspirado no projeto Bike Anjo, que disponibiliza gratuitamente “anjos ciclistas” para auxiliar quem quer aprender a andar de bicicleta. Chantal também destaca a possibilidade de conquistar mais empatia entre as pessoas por meio do serviço. “Temos um carinho e uma atenção muito grande para quem nos procura, algo infelizmente inexistente hoje no dia a dia e no trânsito de São Paulo. Queremos usar mais os verbos cooperar, auxiliar e compartilhar para mudar o cenário individualista e sem empatia das ruas de São Paulo”.
Uma dessas pessoas que encontrou ajuda para conseguir se locomover por meio do ônibus foi a farmacêutica Carla Castanha, moradora da zona sul de São Paulo. Ela conheceu o projeto por meio de uma rede social e decidiu participar. Para Carla, o medo de usar o transporte público era sua maior dificuldade. “Sempre tive medo de me perder, de pegar ônibus errado, de me atrasar, etc., além do preconceito. Utilizei o serviço uma única vez, em maio, para ir à Faria Lima. A ‘anja’ foi simpática e tirou todas as minhas dúvidas. Me senti confiante e nunca pensei que fosse tão fácil e rápido utilizar o transporte”.
Depois da experiência, Carla passou a utilizar ônibus uma vez por semana e mudou o pensamento sobre transporte público. “Achei uma grande contribuição de cidadania. Menos carro, menos poluição, menos trânsito. Um cenário que pode se tornar interessante pensando no coletivo”, defende. O serviço beneficia a qualidade da mobilidade urbana em São Paulo, de maneira gratuita e independente, com voluntários que auxiliam quem precisa pensando no bem comum: o trânsito.
Como funciona o projeto?
Para solicitar o serviço e também ser um voluntário do projeto, basta preencher um formulário no site WWW.PROCOLETIVO.COM.BR/BUS-ANJO. No campo para usuários são solicitadas informações como origem e destino, horário de deslocamento e qual o motivo do deslocamento, para que o ‘anjo’ voluntário saiba exatamente onde encontrar o usuário e qual a melhor rota para chegar até o local desejado. O usuário do Bus Anjo também pode solicitar o programa para conhecer mais sobre as linhas de ônibus, localização dos pontos de ônibus mais próximos, melhores rotas, ganhar confiança para usar o transporte coletivo ou conhecer os aplicativos de transporte público para smartphones existentes. Por enquanto, o serviço atende apenas a capital paulista.
A maior parte das pessoas que solicitam ‘anjos’ pelo site é formada por mulheres acima de 30 anos. O maior desafio do projeto é ampliar o serviço. Hoje, o Bus Anjo conta apenas com voluntários e com as próprias criadoras, Ana Paula e Chantal, que acompanham as pessoas que solicitam o auxílio. O grande objetivo do programa é conseguir patrocínios para expandir a escala de trabalho, estimulando e orientando mais pessoas no uso do ônibus.
Atualmente, todos os custos do Bus Anjo são arcados pela startup Pro Coletivo. Eles incluem o bilhete único para os voluntários, o custo de internet móvel (os voluntários usam o celular para mostrar quais são os melhores aplicativos especializados em ônibus quando acompanham as pessoas nos trajetos), a manutenção do blog e a divulgação. “Por enquanto, queremos expandir em São Paulo. Nosso objetivo é sair do âmbito dos voluntários para times contratados, formados por universitários das áreas de transporte e comunicação. Essas pessoas podem estar em várias regiões da cidade auxiliando os cidadãos quanto às linhas, os melhores aplicativos, os trajetos, e também acompanhando essas pessoas nas primeiras experiências dentro do ônibus”.
NTU

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