Do PORTAL UNIBUS
Foto: Fábio Melotto (Iveco Group)
A Prefeitura de São Paulo mudou a estratégia para reduzir as emissões de poluentes da frota de ônibus. Antes focada exclusivamente na eletrificação, a administração municipal agora aposta no uso de biometano como alternativa para acelerar a transição energética. A medida foi anunciada pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB) durante o 12º Fórum do Biogás, em meio a críticas de fabricantes e operadoras sobre a falta de infraestrutura de recarga e o alto custo da eletrificação em larga escala.
O novo programa, batizado de BioSP, prevê a substituição de mais de 600 veículos a diesel por modelos a gás até 2027. Hoje, 125 caminhões de coleta de lixo já utilizam combustível produzido a partir dos aterros municipais. Para Nunes, a medida transforma resíduos em energia e fortalece o conceito de economia circular, além de reduzir as emissões do transporte coletivo.
O biometano é um combustível renovável obtido a partir da purificação do biogás gerado em aterros, estações de tratamento de esgoto e resíduos do setor sucroenergético. A prefeitura pretende ampliar a compra junto ao setor privado para garantir o abastecimento da frota.
Gás Verde projeta expansão da produção
A iniciativa foi celebrada pela Gás Verde, maior produtora de biometano do País. O CEO da empresa, Marcel Jorand, afirmou que a decisão de São Paulo consolida a cidade como vitrine nacional da tecnologia. Segundo ele, a companhia possui duas plantas em operação e planeja construir dez novas até 2028, elevando a produção para 650 mil m³ por dia, quatro vezes mais do que o volume atual.
Fabricantes veem ambiente favorável
Montadoras também destacaram o impacto positivo do programa. A Scania, pioneira na introdução de ônibus a gás no Brasil em 2014, reforçou estar pronta para expandir a oferta de veículos e apoiar clientes e gestores na transição energética. Já a Iveco considerou a decisão um divisor de águas para a mobilidade sustentável.
O presidente da Iveco para a América Latina, Márcio Querichelli, destacou que motores a gás podem reduzir em até 30% o custo total de propriedade em relação ao diesel, com emissões até 95% menores quando abastecidos com biometano. A marca já tem cerca de 2 mil veículos a gás em circulação na América Latina e produz chassis a gás em Córdoba, na Argentina, onde já entregou unidades para operação em Buenos Aires.
Alternativa ao diesel e ao elétrico
Além de São Paulo, outras fabricantes também investem em alternativas ao diesel. A Volkswagen Caminhões e Ônibus (VWCO) testa no Brasil a versão a gás do caminhão Constellation voltado à coleta seletiva. Para especialistas, o avanço do biometano se soma aos projetos de eletrificação, criando um portfólio multienergético capaz de acelerar a descarbonização do transporte público e comercial no País.