Fabricantes adaptam chassis a diesel para acelerar produção de ônibus elétricos no Brasil

Do PORTAL UNIBUS
Com informações da Revista Technibus
Foto: Divulgação (Marcopolo / Via Secco Comunicação)

As fabricantes de chassis de ônibus estão apostando em uma transição estratégica para ampliar a oferta de modelos elétricos no Brasil. A saída encontrada é aproveitar as bases já consolidadas dos modelos a diesel para desenvolver versões eletrificadas, o que reduz custos e facilita a adaptação da cadeia de produção e manutenção.

Na Volvo, o portfólio de ônibus elétricos – que inclui veículos padron, articulados e biarticulados – é produzido com a mesma estrutura dos modelos a diesel. Isso inclui longarinas, freios e eixos, o que representa uma vantagem operacional para frotistas e operadores.

“É a mesma cadeia de fornecedores, o mesmo código da peça, o mesmo formato de manutenção e o mesmo custo”, afirmou Paulo Arabian, diretor comercial da Volvo Buses no Brasil, em entrevista à Revista Technibus.

Embora o sistema elétrico substitua motor a combustão e câmbio por baterias e componentes eletrônicos, a estratégia de padronização facilita a transição. No entanto, Arabian ressalta que ainda há grande concentração de itens importados no sistema de tração dos elétricos. “Isso ocorre devido ao volume de produção ainda ser reduzido, por falta de infraestrutura, limitando o avanço do ônibus elétrico no país.”

Para ele, a dificuldade está ligada à demanda ainda incerta, que impede a nacionalização de componentes. “Como a demanda não se escalou porque as barreiras impedem as compras, o fornecedor não consegue virar a chave. Ele fica em compasso de espera e não localiza a produção por falta de escala. Por isso, dependemos da importação atualmente.”

Mesmo com a base compartilhada, o ônibus elétrico exige novas soluções. “Até o pneu do ônibus elétrico tem que ser diferente, para evitar desgaste prematuro, porque toda a potência que o motor gera está na roda”, exemplifica Arabian. “A carroceria também tem que ser mais leve, para aliviar o peso da bateria.”

Na Volkswagen Caminhões e Ônibus, o caminho também passa pela adaptação da estrutura nacional. “Como a empresa tem o centro mundial de desenvolvimento de produto em Resende (RJ), aproveitamos a experiência com ônibus diesel e adaptamos para um ônibus mais pesado que tem outras necessidades, sem precisar trazer nada de fora”, destacou Jorge Carrer, diretor de vendas de ônibus da montadora. “O nosso chassi é brasileiro e usa como componentes importados a bateria e o motor elétrico.”

Carrer explica que, mesmo com a base pronta, o desafio logístico exige planejamento. “É preciso fazer um bom planejamento e até assumir alguns riscos, porque leva meses para os motores e as baterias chegarem ao Brasil. A Volkswagen vem se programando desde o ano passado para garantir a produção do ônibus elétrico em 2025, e vamos fazendo os ajustes”.

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