Do PORTAL UNIBUS
Foto: Marcos Santos (USP Imagens / Jornal da USP / USP)
A Universidade de São Paulo (USP) iniciou os testes da primeira estação experimental dedicada à produção de hidrogênio renovável a partir do etanol. O projeto, conduzido pelo Centro de Pesquisa e Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI), representa um avanço na busca por fontes de energia limpa e na transição para uma economia de baixo carbono.
Durante visita à planta, no dia 19 de fevereiro, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, destacou a importância da iniciativa para o desenvolvimento econômico do Estado e seu potencial de expansão. “Estamos aproveitando o potencial da cana-de-açúcar para desenvolver soluções que podem transformar setores inteiros, como o transporte. A pesquisa científica é um dos pilares que fazem de São Paulo um líder na transição energética”, afirmou.
Investimento e parcerias
Localizada na Cidade Universitária, a estação recebeu um investimento de R$ 50 milhões e faz parte de um projeto de Pesquisa e Desenvolvimento realizado em parceria com empresas e instituições como Shell Brasil, Raízen, Hytron (Grupo Neuman & Esser), Senai CETIQT e a própria USP. Também participam Toyota, Hyundai, Marcopolo e a Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo (EMTU).
A tecnologia busca demonstrar a viabilidade do etanol como fonte para a produção de hidrogênio sustentável, aproveitando a infraestrutura já existente no Brasil. A planta piloto tem capacidade para produzir 100 quilos de hidrogênio por dia, volume suficiente para abastecer três ônibus e dois veículos leves, incluindo os modelos Toyota Mirai e Hyundai Nexo, ambos movidos a hidrogênio.
Desenvolvimento tecnológico e impacto ambiental
O reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Junior, ressaltou o papel das universidades na inovação tecnológica. “Nosso objetivo é desenvolver tecnologias que permitam ao Brasil liderar a transição energética. Se conseguirmos oferecer uma energia mais barata e com menor pegada de carbono, seremos referência mundial”, afirmou.
O hidrogênio será gerado por meio da reforma a vapor do etanol, um processo químico no qual o etanol reage com água em altas temperaturas, liberando hidrogênio. Esse método é considerado eficiente e com menor impacto ambiental, pois o CO₂ liberado é biogênico e pode ser compensado no ciclo do cultivo da cana-de-açúcar.
Segundo Julio Meneghini, diretor científico do RCGI, a iniciativa pode impulsionar a descarbonização de setores industriais com alta emissão de poluentes, como a siderurgia e a produção de fertilizantes, além do transporte de carga e passageiros. “O Brasil tem uma infraestrutura consolidada para o etanol, o que torna essa tecnologia viável e competitiva. O sucesso desse projeto pode abrir caminho para novas aplicações e consolidar o país como um dos líderes globais em energia limpa”, destacou.
A estação experimental representa um avanço significativo na mobilidade sustentável e pode beneficiar indústrias como a aeronáutica e a fabricação de veículos pesados, ao fornecer uma fonte de hidrogênio renovável para o desenvolvimento de tecnologias baseadas em células a combustível. Os resultados obtidos nos testes servirão como base para estudos futuros sobre a aplicação dessa tecnologia em maior escala.