Cascavel inaugura eletroterminal e passa a operar maior frota de ônibus elétricos do interior do Paraná

Brasil avança na substituição de frota de ônibus com incentivo ao uso de veículos elétricos

Do PORTAL UNIBUS
Foto: Divulgação (TEVX Higer Bus)

A auxiliar de serviços gerais Lilian Vitorino, que percorre diariamente 45 km em ônibus públicos para chegar ao trabalho na região central de Brasília, recentemente notou uma mudança em seu trajeto: o silêncio. Curiosa, ela perguntou ao motorista e descobriu que estava a bordo de um dos seis ônibus elétricos em circulação na capital. Esses veículos, além de silenciosos, emitem menos gás carbônico em comparação aos movidos a combustíveis fósseis, como o diesel.

O Brasil iniciou um processo de substituição da frota de ônibus com o objetivo de reduzir as emissões de carbono, em linha com as metas do Acordo de Paris, que visa manter o aumento da temperatura global abaixo de 2°C em relação aos níveis pré-industriais. Veículos elétricos desempenham um papel crucial nessa transição, uma vez que, segundo a Federação Europeia de Transporte e Meio Ambiente, emitem três vezes menos gás carbônico do que os modelos convencionais.

Enquanto países como a China e membros da União Europeia avançam rapidamente na eletrificação de suas frotas de transporte público, o Brasil ainda está em estágio inicial. De acordo com a plataforma E-bus Radar, que monitora o transporte público na América Latina, o Brasil possui 556 ônibus elétricos, representando menos de 1% da frota nacional de mais de 100 mil veículos.

Desafios e iniciativas de infraestrutura
Roberto Marx, do Departamento de Engenharia de Produção da Universidade de São Paulo (USP), aponta a falta de infraestrutura como o principal obstáculo para a expansão dos ônibus elétricos no Brasil. “Não basta comprar os ônibus. É preciso ter pontos de carregamento das baterias nas garagens, o que implica em investimentos significativos”, explica Marx, que coordena o Laboratório de Estratégias para a Indústria da Mobilidade (Mobilab). Estudos realizados pelo Mobilab revelam que, ao longo de sua vida útil, os ônibus elétricos têm um custo quase igual ao dos movidos a diesel, emitindo 90% menos carbono.

Marx também destaca a importância de uma legislação climática para acelerar a transição energética. Em São Paulo, por exemplo, a “Lei do Clima” proíbe desde 2022 a aquisição de novos ônibus movidos a combustíveis fósseis e estabelece metas para que a cidade tenha uma frota totalmente sustentável até 2038. Atualmente, São Paulo tem 318 veículos elétricos em circulação, com uma meta de substituir 20% da frota por energia limpa até o final deste ano.

Investimentos federais e incentivos à renovação de frota
Para apoiar a transição, o governo federal lançou o Programa de Renovação da Frota (Refrota), com um investimento de R$ 10,5 bilhões. O objetivo é substituir 5.350 veículos antigos por 2.529 ônibus elétricos e 2.782 com tecnologia Euro 6, que são mais eficientes e menos poluentes. O ministro das Cidades, Jader Filho, ressalta que a frota atual, com uma média de mais de sete anos de idade, não só emite mais poluentes, como também compromete o conforto e a segurança dos passageiros.

O programa Refrota prioriza projetos que utilizam tecnologias limpas, refletindo o compromisso do governo com a agenda climática e urbana. Segundo o ministro, a eletrificação da frota não só melhora a qualidade do transporte público, especialmente para a população de baixa renda, como também alinha o Brasil às metas globais de redução de emissões.

O incentivo à eletrificação, portanto, visa conciliar a melhoria das condições de transporte público com a urgência das metas climáticas. “Nosso incentivo à eletrificação vem exatamente para conciliar a agenda urbana — de melhoria das condições da população, especialmente de baixa renda, que precisa de um transporte público de qualidade — com a agenda climática”, concluiu Jader Filho.

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