Scania aposta no gás para o transporte de carga e de passageiros na América Latina

Da Agência AutoData
Foto: Andreivny Ferreira (UNIBUS RN)

Diante do fato de que a descarbonização é premissa incorporada aos negócios da Scania, a companhia assume claro posicionamento de buscar alternativas à motorização a diesel, o que é levado para toda a América Latina. Alguns países do continente, inclusive, estão mais avançados que o Brasil quando o assunto são formas alternativas de propulsão, principalmente gás natural, o que, como sendo uma das principais apostas da montadora, mostra que há importante mercado a ser explorado com a tecnologia.

No Brasil a Scania já comercializou seiscentos caminhões a gás. A capacidade do polo de São Bernardo do Campo, SP, para produzir esses veículos, entretanto, é de 3,3 mil unidades por ano. Quanto aos ônibus, por enquanto foram produzidos seis, sendo que três estão em testes e um foi vendido para a Trans Silva, do Rio Grande do Sul, para fazer fretamento, mas a fábrica está pronta para atender a demanda.

Durante o encerramento do 4º Congresso Latino-Americano de Negócios da Indústria Automotivo, realizado de forma online pela AutoData Editora, o CEO da Scania Latin America, Christopher Podgorski, afirmou que em toda a América Latina a montadora comercializou até o momento 1,4 mil caminhões a gás. A Colômbia é um expoente quando o assunto são os veículos coletivos:

“Lá nós temos 2,3 mil ônibus a gás, todos motor Euro 6. Só este ano estamos comercializando e exportando 350 unidades adicionais para a Colômbia. Embora o país também esteja trabalhando na transição para a eletrificação isso demonstra o que venho afirmando, que o futuro não será elétrico, será eclético”.

Segundo Podgorski ele nunca disse que os veículos a gás seriam a maior parte dos volumes da Scania, mas que o crescimento gradual e orgânico da modalidade é um fato. Ele afirmou que a companhia está trabalhando incessantemente em buscar alternativas menos poluentes.

“As tecnologias estão disponíveis, presentes. Não são mais protótipos. Agora, naturalmente, tem que fazer sentido financeiro para que haja uma maior adesão pelos clientes”, ponderou, referindo-se ao investimento necessário para usufruir da tecnologia alternativa.

O custo dos ônibus a gás é de 20% a 25% maior do que um similar a combustão, mas o incremento é menor do que o de caminhões, por causa de complexidade que envolve a cabine, que o deixa 30% mais caro que o diesel. Dispêndios que tendem a baixar conforme a demanda aumentar e os produtos ganharem escala.

“A rota de descarbonização não é mais um conceito, um propósito, mas uma demanda. A agenda ESG é uma realidade, principalmente por quem contrata os serviços de transporte”, disse Podgorski, ao complementar que como o setor de transporte é intimamente ligado ao desenvolvimento econômico de um país e uma região, ele tende a dobrar de tamanho até 2050.

“Mas a gente nem pode pensar em dobrar o volume de emissões de carbono. Isso tudo passa a ser menos discurso e mais realidade a partir do ano que vem. Não há mais argumentos para negar que as mudanças climáticas estão em curso. Alguns até renomeiam de emergência climática, pela intensidade e frequência com que vemos fenômenos naturais de secas, inundações, tempestades, ciclones etc. É um caminho sem volta.”

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