Do PORTAL UNIBUS
Foto: Divulgação (Eletra Bus)
O Brasil tem condições de liderar a transição energética no setor de transportes, aproveitando seu potencial em biocombustíveis e energia elétrica renovável. Essa é a principal conclusão do estudo “Iniciativas e Desafios Estruturantes para Impulsionar a Mobilidade de Baixo Carbono no Brasil até 2040”, elaborado pela LCA Consultores a pedido do Instituto MBCB Brasil.
O levantamento aponta que o país poderá adotar rotas tecnológicas variadas para a descarbonização, combinando o uso de eletricidade, biometano, biodiesel e diesel verde (HVO) para reduzir emissões e aumentar a eficiência energética.
No caso dos ônibus, o estudo estima crescimento de 26,5% na frota entre 2025 e 2040, passando de 398,3 mil para 503,7 mil unidades. Nesse período, haverá redução significativa na presença de motores a combustão interna, que devem cair de 99% para 70%, o equivalente a 352,5 mil veículos.
A pesquisa prevê ainda que a participação de ônibus elétricos chegará a 20% da frota (100,7 mil unidades) em 2040, enquanto os movidos a gás natural ou biometano representarão 10% (50,3 mil veículos). Com isso, a demanda por eletricidade para veículos pesados crescerá 27,1%.
A transição também será impulsionada pelo uso de biocombustíveis. A mistura de 20% de biodiesel no diesel convencional deve ampliar a capacidade efetiva de produção para 17 bilhões de litros até 2040, o que representa crescimento de 15,6%. Já o biometano desponta como uma das principais alternativas para descarbonização do transporte, com potencial de produção de até 120 milhões de metros cúbicos por dia.
Segundo o estudo, o biometano poderá substituir até 70% do consumo de diesel no transporte pesado até 2040, favorecendo o desenvolvimento regional, especialmente em áreas agrícolas e no setor sucroenergético.
“As projeções indicam que o custo marginal de descarbonização do transporte é otimizado quando o país aproveita as rotas já consolidadas e introduz gradualmente novas tecnologias, como o biometano. Essa combinação reduz os riscos e permite uma trajetória de investimento mais estável para o setor”, explica Fernando Camargo, sócio-diretor da LCA Consultores.
O documento reforça que o avanço da mobilidade de baixo carbono depende de políticas públicas integradas, infraestrutura adequada e segurança regulatória.
Para o presidente do Instituto MBCB Brasil, José Eduardo Luzzi, o Brasil tem um papel estratégico na transição energética global. “O país possui condições únicas para liderar uma transição eficiente e inclusiva, capaz de unir crescimento econômico e sustentabilidade. O avanço das novas tecnologias e o fortalecimento dos biocombustíveis mostram ser possível reduzir emissões e, ao mesmo tempo, ampliar oportunidades de desenvolvimento”, afirma.
O estudo também destaca o potencial do HVO, diesel verde obtido pelo hidrotratamento de óleos e gorduras, cuja demanda pode atingir dois bilhões de litros até 2040, com previsão de participação de 3% no diesel B.





