Do PORTAL UNIBUS
Foto: Jovani Cecchin
A Viação Itapemirim, uma das empresas mais tradicionais do transporte rodoviário brasileiro, pode estar próxima de encerrar seu conturbado processo judicial. Segundo informações do jornal Valor Econômico, a expectativa da administradora judicial EXM Partners é que a venda dos ativos e da marca da companhia seja definida nas próximas semanas.
A avaliação inicial foi fixada em R$ 97 milhões, mas o valor poderá ser reavaliado em leilão. Apesar de questionamentos apresentados por empresas interessadas, os advogados envolvidos no processo acreditam que a negociação deve avançar. “Nossa estimativa é que os debates hoje não vão cair em um resultado diferente do que venda. Tudo indica que vamos ter uma boa procura”, afirmou Paulo Calheiros, da Mandel Advocacia.
Enquanto o leilão definitivo não é realizado, a Viação Nova Itapemirim segue operando com a venda de passagens em agências físicas, pelo site www.vaideitapemirim.com.br e pelo WhatsApp (11) 2089-9995, onde os clientes podem parcelar a compra em até seis vezes sem juros.
Dívidas bilionárias e polêmicas
A Itapemirim acumula cerca de R$ 3 bilhões em dívidas, sendo R$ 2,3 bilhões em tributos. Durante a gestão de Sidnei Piva, que assumiu a empresa em 2016, o grupo lançou a ITA Transportes Aéreos, companhia que funcionou por apenas sete meses em 2021 e deixou milhares de passageiros sem atendimento ao encerrar atividades. Estima-se que mais de R$ 40 milhões da viação tenham sido desviados para a criação da aérea, que não possui ativos relevantes para leilão e acumula débitos trabalhistas e com fornecedores.
Transição temporária
Enquanto o processo não é concluído, a Viação Águia Branca deverá operar temporariamente as linhas da Itapemirim, após ter oferecido R\$ 3,02 milhões pelo arrendamento de linhas e guichês. Antes disso, a Suzantur, responsável pela operação da marca desde a decretação da falência, segue à frente das atividades até a data definida para a transição.
A Transportadora Turística Suzano, por sua vez, recorre ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) pedindo a anulação do contrato homologado em favor da Águia Branca. A empresa defende a realização imediata do leilão da marca e requer que os investimentos feitos na operação da Itapemirim sejam considerados como parte do lance pelos ativos.
O setor rodoviário acompanha com atenção os próximos passos, que podem colocar um ponto final em uma das maiores crises da história recente do transporte coletivo no Brasil.