CBTU alerta para possível paralisação total dos trens urbanos de Natal até agosto

Do PORTAL UNIBUS
Foto: Divulgação (CBTU Natal)

O transporte ferroviário de Natal pode estar à beira de uma grave crise. A Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) emitiu um ofício ao Ministério das Cidades alertando para o risco iminente de paralisação total dos sistemas que ainda opera, incluindo o sistema ferroviário da capital potiguar. O colapso das atividades pode começar a se desenhar já a partir de julho, com encerramento completo das operações previsto até o fim de agosto de 2025, caso não haja recomposição orçamentária.

O alerta foi revelado em reportagem da jornalista Roberta Soares, do periódico pernambucano “Jornal do Commercio”, e foi formalizado no dia 28 de abril pelo diretor-presidente da CBTU, José Marques. No documento, ele aponta que os recursos previstos na proposta orçamentária para 2025 são insuficientes até mesmo para garantir o funcionamento mínimo dos sistemas de Natal (RN), Recife (PE), João Pessoa (PB) e Maceió (AL).

Em números, a diferença é alarmante. Enquanto em 2024 a CBTU contou com R\$ 216 milhões para o custeio das operações, o orçamento aprovado para 2025 caiu para R$ 165 milhões. A estimativa da própria Companhia é de que seriam necessários ao menos R$ 260 milhões para manter as atividades até dezembro. O custeio se refere às despesas essenciais para a operação, como energia, manutenção de trens, estações, sistemas de sinalização e segurança — sem incluir folha de pagamento e investimentos em expansão.

No caso específico da capital potiguar, o sistema de trens urbanos atende milhares de passageiros por dia, conectando Natal a cidades da região metropolitana nas linhas Norte e Sul. A falta de verba pode afetar diretamente a capacidade de manter os trens em funcionamento, realizar manutenções e garantir a segurança das viagens.

A CBTU destaca que a escassez de recursos já provocou desgaste nos sistemas fixos, sucateamento de equipamentos e redução dos estoques de peças de reposição. Além disso, contratos essenciais vêm sendo reduzidos ou descontinuados ano após ano, comprometendo ainda mais a infraestrutura existente.

Apesar de reunião realizada em fevereiro deste ano com o Secretário-Executivo do Ministério das Cidades, na qual se decidiu aguardar a votação da Lei Orçamentária Anual (LOA), o governo federal ainda não deu qualquer sinalização concreta para revisão dos valores. Diante disso, a CBTU já começou a preparar medidas emergenciais, incluindo cortes de contratos, postergação de pagamentos e interrupção de aquisições.

O documento enviado ao Ministério das Cidades lista os impactos esperados com a paralisação: insegurança no tráfego e no ambiente das estações, possível depredação do patrimônio público, perda de vida útil dos equipamentos e dificuldades para retomar as operações futuramente, caso o sistema seja desmobilizado.

Mesmo que as operações sejam interrompidas, a CBTU alerta que despesas como segurança patrimonial, monitoramento e custos estruturais continuarão existindo. O objetivo do ofício é sensibilizar as autoridades para o risco de colapso de um serviço que é essencial para milhares de brasileiros. “Certo da sensibilidade desse Ministério das Cidades acerca do impacto e relevância das operações da CBTU nas regiões metropolitanas nas quais atua, rogo pelo acolhimento de nossos pleitos e apresento nossos protestos de estima e consideração”, finalizou José Marques no documento.

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