Estudo da Aliança Zebra orienta municípios na substituição de ônibus a diesel por modelos elétricos

Do PORTAL UNIBUS
Foto: Divulgação (BYD Brasil)

A partir da experiência de eletrificação da frota de ônibus em São Paulo, a Aliança Zebra lançou um estudo técnico voltado a gestores públicos e operadores do transporte coletivo com o objetivo de orientar a transição de ônibus movidos a diesel para modelos elétricos a bateria. O estudo considera desafios operacionais, modelos de financiamento e infraestrutura de recarga, com base no avanço da capital paulista, que hoje possui a terceira maior frota elétrica da América Latina, atrás apenas de Santiago (Chile) e Bogotá (Colômbia).

A iniciativa é fruto da parceria entre a C40 Cities e o ICCT (Conselho Internacional de Transporte Limpo), por meio da Aliança Zebra, criada em 2019 para acelerar o uso de ônibus de emissão zero na América Latina. “A proposta é consolidar as informações a respeito da eletrificação dos ônibus em São Paulo para compartilhar com outros municípios que estão avançando neste tópico”, afirmou Eduardo Siqueira, gerente de projetos da C40 Cities, em entrevista à Agência AutoData.

Segundo Siqueira, a capacitação técnica gratuita para secretários, gestores e equipes municipais será oferecida com apoio do Ministério das Cidades e da Frente Nacional de Prefeitas e Prefeitos. A ideia é atender, inicialmente, cidades que já obtiveram recursos por meio do PAC Renovação de Frota. Ao todo, 56 municípios solicitaram verbas para a aquisição de 2,4 mil ônibus elétricos, que devem entrar em operação entre o fim de 2025 e o início de 2026.

O estudo também projeta que sete capitais brasileiras poderão renovar cerca de 11 mil ônibus até 2030, o que representaria 10% da frota nacional estimada em 107 mil veículos, conforme dados da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos). No País, incluindo trólebus, são cerca de 1.059 ônibus elétricos em circulação — dos quais aproximadamente 800 estão em São Paulo.

A infraestrutura de recarga foi apontada como um dos principais entraves para a expansão da frota elétrica. O levantamento defende a necessidade de estudos técnicos em cada cidade para evitar sobrecargas na rede elétrica e otimizar a instalação de carregadores. O exemplo do eletroterminal de Salvador, BA, é citado como solução estratégica: o espaço permite recargas ao longo do dia e reduz a necessidade de recarga noturna.

Siqueira ainda destacou a importância de integrar novos atores ao processo, como concessionárias de energia. “A cidade tem de fazer estudo com diversos cenários, analisando se será preciso fazer recarga noturna ou se poderá espalhar a recarga durante o dia, quando o veículo voltar da operação”, explicou.

Apesar do custo de aquisição de um ônibus elétrico ser de duas a três vezes superior ao de um a diesel, o tempo de vida útil mais longo e a redução de gastos operacionais fazem com que o custo total de propriedade seja menor. A experiência internacional, como em Bogotá, onde investidores privados formam joint ventures para financiar a frota elétrica, é apontada como alternativa viável. No Brasil, bancos como o Mundial, o BID e o Banco da China têm atuado como financiadores.

Por fim, Siqueira defendeu a criação de uma política nacional consolidada para orientar a eletromobilidade urbana. “Os países que mais avançaram, como China e Índia, têm essa parte do governo federal forte. Por aqui temos iniciativas importantes como o PAC e alguns estudos, mas ainda carecemos de diretriz clara.”

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