Do PORTAL UNIBUS
Foto: Divulgação (Agência CNT de Notícias)
A Coalizão para a Descarbonização dos Transportes apresentou nesta segunda-feira (12), em Brasília, um plano estratégico com 90 ações integradas para reduzir em até 70% as emissões de gases de efeito estufa do setor até 2050. A proposta, que prevê a atração de mais de R$ 600 bilhões em investimentos verdes, foi entregue ao governo federal durante o evento Brasil Rumo à COP30, na sede do Sistema Transporte.
A iniciativa é liderada pela CNT (Confederação Nacional do Transporte), pela Motiva (novo nome do Grupo CCR), pelo CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável) e pelo Observatório Nacional de Mobilidade Sustentável, ligado ao Insper. A Coalizão reúne mais de 50 entidades dos modais rodoviário, ferroviário, aéreo, hidroviário, aquaviário, urbano e de infraestrutura.
Segundo o plano, caso nenhuma medida de descarbonização seja adotada, o setor de transportes — responsável atualmente por cerca de 11% das emissões brasileiras, o equivalente a 260 MtCO₂e por ano — pode atingir 424 MtCO₂e até 2050. Com as ações propostas, esse número poderia cair para 137 MtCO₂e, evitando a emissão de 123 MtCO₂e — o que equivale ao plantio de 5,86 bilhões de árvores ou à retirada de 26,7 milhões de carros das ruas.
“A contribuição mais efetiva que o setor pode oferecer é o incentivo à multimodalidade. A CNT está muito confiante e feliz de liderar esse trabalho e sediar esse evento”, afirmou Valter Souza, diretor de Relações Institucionais da CNT.
Um dos principais destaques do plano é a eletrificação de 50% da frota de carros de passeio e de 300 mil ônibus até 2050. Essa medida poderia eliminar 145 MtCO₂e, desde que venha acompanhada da instalação de 990 mil a 1,9 milhão de pontos de recarga, o que exigirá cerca de R$ 40 bilhões em investimentos.
“A transição climática exige protagonismo de quem opera a infraestrutura de mobilidade do país. Este estudo mostra que não se trata apenas de reduzir emissões, mas de transformar a realidade do setor, com eletrificação em larga escala, expansão dos biocombustíveis e novas tecnologias”, declarou Miguel Setas, CEO da Motiva.
A proposta foi construída a convite do embaixador e presidente da COP30, André Corrêa do Lago, e será uma das contribuições do setor ao Plano Nacional sobre Mudança do Clima, que o Brasil apresentará na COP30, em Belém (PA), em novembro deste ano.