Do PORTAL UNIBUS
Foto: Rovena Rosa (Agência Brasil)
A mobilidade urbana na capital paulista sofreu um novo revés em 2024. Dados divulgados pela SPTrans revelam que os ônibus da cidade circularam mais lentamente este ano, mesmo nos corredores e faixas exclusivas. A queda na velocidade média é mais sentida nos horários de pico, especialmente no fim da tarde, quando os coletivos registraram média de apenas 15 km/h — valor inferior à velocidade do atleta queniano Wilson Too, vencedor da última Corrida de São Silvestre, que percorreu o trajeto a 20 km/h.
Nos corredores exclusivos, onde o tráfego deveria fluir com mais agilidade, a média registrada foi de 20 km/h nos períodos de maior movimento. Apesar de ligeiramente melhor que o restante do sistema, o desempenho ainda está abaixo do patamar observado em 2019, quando a média alcançava 22 km/h. Embora o estudo não aponte com clareza os motivos da desaceleração, um dado chama atenção: a frota total de ônibus foi reduzida nos últimos cinco anos. Enquanto em 2019 a cidade contava com 14.103 veículos em operação, esse número caiu para 13.281 em 2024.
Com menos ônibus em circulação e deslocamentos mais lentos, o tempo de espera nos pontos também aumentou. O intervalo médio entre os veículos subiu de 10 para 12 minutos, agravando a rotina de quem depende do transporte coletivo. Além disso, o relatório da SPTrans evidencia outros sinais de deterioração no serviço: os acidentes com mortes quase dobraram entre 2022 e 2023, com redução considerada ínfima em 2024. Ao mesmo tempo, diminuiu o número de afastamentos de motoristas por conduta inadequada e também o volume de análises de comportamento profissional.
A qualidade do transporte, medida por índices internos da SPTrans, segue praticamente estagnada e permanece abaixo dos níveis registrados em 2022. Ainda assim, a atual gestão afirma que vem investindo em melhorias. Segundo a empresa, foram implantados 54 quilômetros de faixas exclusivas desde o início da administração, e há previsão para 2025 de um novo sistema de monitoramento em tempo real das viagens de ônibus. No entanto, a SPTrans não apresentou justificativas para a queda na velocidade média nem detalhou medidas concretas para reverter esse cenário.