São Paulo estuda incluir ônibus a gás na renovação da frota para acelerar transição energética

Do PORTAL UNIBUS
Foto: Roberto Custodio (Divulgação / Compagas)

Diante dos entraves para ampliar a infraestrutura de carregamento dos ônibus elétricos, a Prefeitura de São Paulo estuda modificar o edital de renovação da frota municipal para incluir veículos movidos a gás natural veicular (GNV) e biometano como alternativa sustentável. A proposta está em análise técnica e foi revelada por Alex Nucci, diretor de Vendas de Soluções da Scania Operações Comerciais Brasil, à Revista Technibus.

A Scania, que lidera o mercado nacional de caminhões pesados a gás, apresentou um projeto técnico demonstrando a viabilidade da tecnologia para o transporte coletivo urbano. Segundo Nucci, a empresa tem destacado as vantagens operacionais e econômicas dos ônibus a gás em relação ao modelo elétrico, especialmente no cenário de restrições logísticas e orçamentárias.

“O edital atual prevê exclusivamente ônibus elétricos, mas, diante dos desafios com a infraestrutura de carregamento, a prefeitura nos procurou para entender se há outras alternativas sustentáveis”, explicou o executivo. “Mostramos que, com biometano e gás natural, é possível reduzir custos de aquisição e operação, ao mesmo tempo em que se mantém o compromisso ambiental.”

Viabilidade técnica e menor custo operacional
A proposta da Scania contempla o uso de ônibus com motor traseiro a gás e abastecimento direto nas garagens, dispensando uma rede elétrica externa complexa. Além da menor dependência de energia, o modelo permitiria à prefeitura renovar um número maior de veículos com o mesmo orçamento: segundo Nucci, é possível dobrar a quantidade de ônibus adquiridos em comparação com os modelos elétricos.

“Com gás, é possível manter a meta de descarbonização, utilizando uma infraestrutura que já existe em boa parte do estado e que está em expansão com fornecedores como a Gás Verde”, afirmou.

Experiência em Goiânia e modelo europeu como referência
Atualmente, a Scania mantém 15 ônibus a gás em operação em Goiânia, onde a experiência tem servido como modelo para a expansão da tecnologia. A proposta apresentada a São Paulo inclui parcerias para garantir o fornecimento contínuo de combustível e manutenção da frota, tal como ocorre no segmento de caminhões.

A recepção técnica pela Secretaria de Mobilidade e Transportes foi considerada positiva, mas ainda não há definição oficial sobre a alteração do edital. A expectativa é de que São Paulo adote, como já ocorre em países europeus, uma matriz energética mista no transporte coletivo, com veículos a diesel, gás e eletricidade convivendo durante o processo de transição.

Menos de 500 elétricos em operação no Brasil
Atualmente, o Brasil tem menos de 500 ônibus elétricos em circulação, diante de uma frota urbana de aproximadamente 25 mil veículos. Para Nucci, a expansão simultânea das tecnologias a gás e elétrica será inevitável nos próximos dez anos, conforme o país avança em infraestrutura e acesso ao financiamento.

Se a prefeitura paulistana der sinal verde para a mudança no edital, a Scania poderá entregar os primeiros modelos a gás ainda no próximo ciclo de renovação, ampliando as opções sustentáveis para o transporte urbano da capital.

“É uma oportunidade para acelerar a transição energética sem pressionar o orçamento municipal nem o usuário final”, concluiu Nucci.​

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