Do PORTAL UNIBUS
Foto: Andreivny Ferreira
A eficiência do transporte público no Rio Grande do Norte ainda enfrenta diversos desafios, mas pode ser significativamente aprimorada com investimentos em infraestrutura, subsídios e melhor gestão por parte do poder público. A avaliação é de Eudo Laranjeiras, presidente da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Nordeste (Fetronor), entidade que completa 50 anos em 2025.
Segundo ele, o transporte coletivo é um serviço público gerido pelo Estado e operado por empresas privadas. “É o Estado quem define itinerários e horários, inclusive nos finais de semana e feriados. A falta de estrutura não é culpa do empresário. A priorização do sistema precisa partir do poder público”, defende.
Corredores exclusivos e infraestrutura precária
Entre as principais medidas apontadas por Laranjeiras para garantir mais eficiência ao transporte estão a criação de corredores exclusivos para ônibus e a melhoria das vias e das paradas. “Quando o ônibus circula em faixa exclusiva, ele cumpre o trajeto mais rapidamente, evita congestionamentos e consome menos combustível”, afirma.
Como exemplo, ele cita o corredor implantado na antiga Avenida Bernardo Vieira (atual Nevaldo Rocha), em Natal, que proporcionou um ganho de até 20 minutos por viagem para usuários da zona Norte.
No entanto, a realidade em muitas paradas de ônibus da capital potiguar ainda é crítica. Reportagem da Tribuna do Norte flagrou abrigos sem cobertura e com más condições estruturais, como no caso da parada na Avenida Prudente de Morais. “Demora muito para o ônibus passar, vem cheio e a parada não tem nem cobertura. A gente fica exposto a sol e chuva”, relatou Francisco Braga, de 52 anos, morador de São Gonçalo do Amarante.
Tarifa, subsídios e a necessidade de revisão
Outro ponto central para a melhoria do sistema, segundo a Fetronor, é a adoção de subsídios públicos e uma revisão tarifária mais equilibrada. Laranjeiras afirma que o reajuste de tarifas é impopular, mas necessário para manter a operação. “O transporte público é caro. E as gratuidades, que deveriam ser responsabilidade do Estado, hoje são custeadas unicamente pelo usuário pagante”, critica.
Ele aponta que subsídios são prática comum em todo o mundo. Em Natal, a previsão é de um subsídio anual de R$ 60 milhões (cerca de R$ 5 milhões mensais), valor que, segundo o dirigente, “representa pouco diante do custo real da operação”.
“Eu nem chamo de aumento, chamo de realinhamento de tarifa. A revisão acontece, em geral, uma vez por ano, e as empresas estão sempre correndo para recuperar perdas com a inflação. Seria muito melhor subsidiar diretamente o usuário”, propõe.
Impacto econômico e adesão à tecnologia
O transporte coletivo tem peso significativo na economia potiguar. São cerca de 600 ônibus em operação diária no RN, sendo 400 apenas em Natal, gerando aproximadamente 2.400 empregos diretos, além de centenas de postos indiretos em toda a cadeia produtiva.
Laranjeiras também destaca os avanços conquistados nas últimas décadas, como a adoção da bilhetagem eletrônica, o uso de biometria facial, Wi-Fi nos veículos e aplicativos de previsão de chegada dos ônibus. “A tecnologia está cada vez mais presente e ajuda tanto os passageiros quanto os operadores a melhorar a qualidade do serviço”, reforça.
A Fetronor também contribuiu para a criação de normas regulatórias próprias para o setor e assegurou benefícios trabalhistas sob regime CLT. “Nosso impacto é diário na vida das pessoas. Levamos cidadãos ao trabalho, à escola e ao lazer. Precisamos do apoio do poder público para fazer isso com mais qualidade e eficiência”, conclui.