Estudo revela perfil e desafios do transporte rodoviário interestadual de passageiros no Brasil

Do PORTAL UNIBUS
Foto: Divulgação (Empresa Gontijo)

O transporte rodoviário interestadual de passageiros no Brasil é caracterizado por sua gestão familiar e longa tradição no mercado. Segundo a Pesquisa CNT Perfil Empresarial Transporte Rodoviário Interestadual de Passageiros, divulgada nesta terça-feira (3) pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) em parceria com a Associação Brasileira das Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros (Abrati), 93,3% das empresas do segmento são familiares, e 73,8% estão sob o comando de segunda ou terceira geração de gestores.

Apesar da solidez e modernização do setor, desafios como altos custos operacionais e a concorrência desleal de serviços irregulares continuam a impactar as empresas. O levantamento abrange dados de companhias de diferentes portes, que juntas movimentaram, em 2023, mais de 43 milhões de passageiros, um crescimento de 2,3% em relação ao ano anterior.

Tradição e modernização
O estudo aponta que 82,2% das empresas possuem mais de 20 anos de mercado, destacando a relevância histórica do setor. Paralelamente, 84,4% delas atuam em outros segmentos, como o transporte de cargas, que representa 52,6% das atividades adicionais.

A modernização também é evidente nos canais de venda. A pesquisa mostra que 95,6% das empresas oferecem bilhetes online, embora agências e bilheterias ainda sejam relevantes, representando 80% das vendas. Aplicativos de passagens também figuram como uma ferramenta importante no setor.

Desafios de empregabilidade e infraestrutura
Entre os principais desafios, o setor enfrenta dificuldades para contratar motoristas (84,4%) e profissionais de manutenção (73,3%), em função de pouca experiência e qualificação insuficiente. Esses dados reforçam a necessidade de investimentos em cursos e treinamentos específicos.

A manutenção dos veículos é outro ponto crítico, citado por 86,7% das empresas como um dos maiores custos. A falta de infraestrutura rodoviária adequada também agrava o cenário, aumentando os gastos operacionais e dificultando a operação sustentável do setor.

Além disso, os altos preços dos combustíveis e a inflação são apontados como os principais fatores que podem impactar o mercado nos próximos três anos, segundo 82,2% das empresas consultadas.

Sustentabilidade e desafios ambientais
A frota de ônibus interestaduais é predominantemente movida a diesel (99,98%), com presença limitada de veículos elétricos (0,02%). A pesquisa destaca que iniciativas de sustentabilidade, como o monitoramento do consumo de combustível (71,1%) e água (68,9%), são adotadas por boa parte das empresas.

No entanto, problemas associados ao uso de biodiesel foram relatados por quase metade das empresas entrevistadas. Entre os principais prejuízos estão o aumento na frequência da troca de filtros (81,8%) e falhas no sistema de injeção (63,6%).

Concorrência e segurança
A pesquisa também destaca os impactos da concorrência desleal, com aplicativos irregulares e venda de passagens por empresas não cadastradas no segmento. Outro problema relatado foi o vandalismo: 37,5% das empresas indicaram mais de 50 incidentes de depredação no último ano, considerando uma média de 170 veículos por empresa.

Relevância estratégica
O presidente da CNT, Vander Costa, ressaltou que as informações da pesquisa são fundamentais para o setor. “Esses dados auxiliam na tomada de decisões estratégicas, promovendo sustentabilidade e competitividade. Para a sociedade, eles reforçam a importância do serviço para todo o Brasil”, afirmou.

Os resultados completos estão disponíveis no Painel da Pesquisa CNT Perfil Empresarial, uma ferramenta interativa que permite explorar informações detalhadas sobre o setor e comparar dados com outras empresas. Essa iniciativa busca oferecer subsídios para políticas públicas mais assertivas e fortalecer a atuação do transporte rodoviário interestadual no país.

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