Relatório do Ibama aponta falhas na reciclagem de pneus no Brasil

Do PORTAL UNIBUS
Foto: Divulgação (Continental)

Os números mais recentes do relatório do Ibama indicam que a meta de destinação ambiental de 100% dos pneus colocados em circulação no Brasil ainda não foi alcançada. Em 2022, foram introduzidos no mercado 88.088.786 pneus. Para atender à meta estabelecida pela Resolução Conama nº 416/2009, a quantidade de pneus reciclados deveria ser de 712.057,42 toneladas, mas ficou em 691.091,45 toneladas.

Esse déficit de 2,94% representa quase 21 mil toneladas de pneus sem destinação adequada, muitos dos quais acabam em aterros sanitários ou são descartados ilegalmente em lixões clandestinos, causando impactos negativos ao meio ambiente.

Desafios na logística de reciclagem
Especialistas em logística apontam que, apesar da legislação avançada, ainda existem lacunas, especialmente em relação aos centros automotivos, que são os principais receptores de pneus velhos. Há uma demanda para que esses centros também sejam obrigados a apresentar relatórios e comprovar o destino ambiental dos pneus inservíveis.

Tributariamente, há um pedido para reduzir o ICMS sobre a produção das recicladoras, tornando a atividade mais atrativa para a instalação de novas empresas em regiões ainda desatendidas. Logisticamente, um desafio é otimizar o sistema de descarte e coleta, reduzindo os custos de transporte até as recicladoras.

Painel na Pneushow 2024
Durante a 15ª Pneushow, realizada em São Paulo, o painel “Logística reversa na prática, qual o primeiro passo?” abordou esses desafios. Joel Custodio, presidente da Associação Brasileira de Empresas de Reciclagem de Pneus Inservíveis (Abrerpi), destacou que a reciclagem de pneus demanda equipamentos caros e muita energia elétrica devido à composição resistente dos pneus (aço e borracha).

Custodio explicou que o baixo valor de mercado dos pneus inservíveis torna a logística de transporte economicamente inviável para longas distâncias, o que limita a localização das recicladoras.

Propostas e soluções
Custodio defendeu a desoneração da atividade recicladora para torná-la viável em todo o país, argumentando que é mais vantajoso para o governo estimular a reciclagem do que lidar com o descarte irregular posteriormente.

As recicladoras têm duas fontes de receita: a venda de pneus cortados ou triturados e os créditos ambientais gerados pela destinação adequada dos pneus, que são vendidos para fabricantes e importadores.

Crescimento descompassado
Os relatórios do Ibama sugerem um descompasso entre o aumento das vendas de pneus novos e a expansão da reciclagem. Em 2018, foram colocados em circulação 59.360.585 pneus novos no Brasil, número que subiu para 88.088.786 em 2022, um aumento de 48%. No mesmo período, o número de pontos de coleta e recicladoras cresceu de 1.949 para 1.951 e de 36 para 43, respectivamente.

Associativismo como alternativa
A Abrerpi, que começou em 2018 com seis empresas associadas e hoje representa 16 recicladoras em 22 estados, reciclando 109 mil toneladas de pneus anualmente, tem promovido o associativismo para aumentar a representatividade e os negócios do setor. A entidade realiza auditorias nas empresas associadas, garantindo a confiabilidade dos créditos ambientais comercializados.

Destinação dos pneus reciclados
A maioria das recicladoras corta os pneus em pequenos pedaços chamados “chips”, utilizados no aquecimento de fornos de cimenteiras, ou tritura a borracha para ser usada na fabricação de asfalto, produção de tapetes, solados de sapatos, vasos e outras finalidades.

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