Ônibus elétricos da BYD dominam frotas de capitais sul-americanas

Do PORTAL UNIBUS
Foto: Divulgação (BYD Brasil)

Atualmente, cerca de 2,5 mil ônibus com chassi urbano 100% elétrico da BYD circulam em capitais da América do Sul, montados com diferentes carrocerias. Surpreendentemente, nenhum deles foi produzido na fábrica da BYD em Campinas, SP, inaugurada em 2017: todos foram importados da China. Embora essa prática possa parecer pouco convencional devido à distância, há uma explicação lógica por trás dessa decisão, conforme explicou Lara Zhang, diretora regional da unidade colombiana da empresa, com sede em Bogotá: os custos de importação da China ainda são mais baixos.

Existem diversos motivos que contribuem para a redução dos custos ao importar da Ásia. O principal deles é o aspecto logístico: dado que a operação brasileira ainda não é robusta – foram produzidos pouco mais de 100 chassis em seis anos – muitos componentes também são importados. Assim, enviar componentes da China para o Brasil e, em seguida, exportar o chassi para a Colômbia, resultaria em custos adicionais de frete, apesar da existência de mecanismos de drawback que, pelo menos, isentariam os tributos de toda essa operação.

“Teríamos que fazer dois fretes, o que eleva o custo”, afirmou Zhang durante uma entrevista a um grupo de jornalistas que visitaram Bogotá para conhecer parte dos trabalhos da Transmilenium, operadora de transporte urbano da capital colombiana, que introduziu 1,4 mil ônibus elétricos em sua frota nos últimos anos, todos com chassis BYD e carrocerias Marcopolo e Busscar, produzidos por parceiros das duas empresas na Colômbia. “Outro fator é a especificação dos ônibus usados em Bogotá, que é diferente do Brasil e existe um custo de adaptação. Que, pela operação chinesa ser mais robusta, acaba sendo menor lá”, disse.

Felizmente, esses fatores podem ser superados no curto e a médio prazo, mas isso depende do fortalecimento da operação brasileira. Bruno Paiva, diretor da divisão de ônibus elétricos da BYD do Brasil, revelou que existem discussões em andamento para localizar a produção de componentes e reduzir a dependência de peças chinesas, mas esbarram no baixo volume de produção. “Quando apresentamos aos fornecedores o volume planejado a conversa não avança. Precisamos produzir mais ônibus no Brasil para podermos justificar a nacionalização dos componentes”, disse.

Atualmente, são produzidas no país as baterias dos ônibus BYD e os quadros do chassi. Discussões foram iniciadas para nacionalizar itens como eixos, válvulas e suspensões, mas a demanda ainda é baixa.

Apesar dos desafios, a BYD mantém sua confiança no crescimento da demanda brasileira. Movimentos recentes, como o da Prefeitura de São Paulo, que pretende colocar em circulação 2,6 mil ônibus elétricos até o final do ano, indicam que a decisão de manter a fábrica em Campinas continua sendo acertada, embora o volume de produção ainda não tenha atingido os níveis esperados.

“Temos condições de atender toda a demanda brasileira e de países da América Latina, mas precisamos ganhar escala”, afirmou Paiva. “Tendo mais volume de produção conseguiremos contornar esses fatores, localizar a produção e ganhar força na negociação. A BYD tem vontade de fornecer chassi a partir do Brasil, é uma conversa recorrente com a matriz, e vamos trabalhar para alcançar este objetivo”, completou.

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