Impasse afeta avanço na eletrificação da frota de ônibus de São Paulo

Do PORTAL UNIBUS
Foto: Leon Rodrigues (SECOM / Prefeitura de São Paulo)

A meta da Prefeitura de São Paulo de ter 2.600 ônibus elétricos circulando na cidade até o fim do ano está emperrada por uma disputa entre a gestão municipal, as empresas de transporte e a Enel, a concessionária de energia. O ponto central do impasse é quem deve arcar com os custos da infraestrutura necessária para carregar os veículos. As informações foram publicadas pelo jornal Folha de S. Paulo.

De acordo com o periódico, a Prefeitura, liderada por Ricardo Nunes (MDB), já negociou a compra de 2.600 ônibus elétricos com os fabricantes, mas a concretização do negócio depende da construção da rede de carregamento nas garagens das empresas. A Enel orçou o serviço em R$ 1,6 bilhão, valor considerado inviável pela Prefeitura e pelas companhias de transporte.

Falta de acordo impede avanço
A SPTrans, estatal responsável pelo transporte público municipal, já tem verba para a compra dos ônibus, mas não pode investir na infraestrutura. A Prefeitura argumenta que a responsabilidade pela rede de carregamento é da Enel, por ser a concessionária de energia. Já a Enel afirma que o serviço não está previsto no contrato e que os custos extras devem ser arcados pelas empresas de ônibus ou pela Prefeitura.

Empresas de ônibus também alegam falta de recursos
As empresas de transporte, por sua vez, alegam não ter condições financeiras de bancar a infraestrutura. A SPUrbanuss, sindicato que as representa, reconhece os benefícios da eletrificação da frota, mas ressalta os “desafios estruturais, financeiros e técnicos” do processo.

Enel X oferece solução de leasing, mas modelo ainda não é viável para todos
A Enel X, braço da Enel voltado para a mobilidade elétrica, ofereceu uma solução de leasing para os ônibus, mas o modelo ainda não é viável para todas as empresas. A Transwolff, que opera na zona sul da cidade e possui a maior frota de ônibus elétricos em São Paulo, afirma que os custos dos equipamentos são muito altos e o retorno do investimento é a longo prazo.

Impasse político e desgaste na relação com a Enel
A disputa se soma ao desgaste na relação entre a Prefeitura e a Enel após o apagão que atingiu a cidade em novembro. A gestão Nunes chegou a entrar na Justiça contra a empresa devido aos problemas.

Plano de implementação em etapas
O projeto de infraestrutura para a eletrificação da frota divide o processo em etapas: imediata, curto, médio e longo prazo. A etapa imediata, com conclusão em 45 dias, prevê a instalação de 18 carregadores em 11 pontos, sem necessidade de obras na rede de distribuição. Já o plano de longo prazo, com duração de 4 meses a 1 ano e meio, inclui obras nas garagens e no sistema de distribuição para instalações de alta tensão.

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