PE: Novo presidente do GRCT, que comandará transporte do Grande Recife, terá seu nome validado em 11 de abril

Do Jornal do Commercio (PE)
Foto: Rafael Fernandes (Gentilmente cedida ao UNIBUS RN)

O novo presidente do Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano na gestão da governadora Raquel Lyra (PSDB) será validado no dia 11 de abril, em reunião dos entes consorciados. O CTM é o órgão responsável por gerir o sistema de ônibus da Região Metropolitana do Recife, por isso a importância da definição da nova direção.

O novo diretor-presidente irá comandar a operação de um sistema que movimenta mais de R$ 1 bilhão por ano e que tem na tarifa paga pelo passageiro a principal fonte de renda. Uma realidade que fragiliza ainda mais o sistema e que gera ainda mais injustiça social.

Em 2022, o Sistema de Transporte Público de Passageiros (STPP/RMR) movimentou R$ 1,25 bilhão, sendo R$ 1 bilhão de receita tarifária e R$ 250 milhões de aporte do governo.

Habilidade técnica é fundamental
O futuro gestor também terá que ter habilidade – que os últimos diretores não tiveram, vale ressaltar – para gerir uma crise ainda maior no setor, que acumula perda de demanda histórica, potencializada com a pandemia de covid-19. A crise sanitária levou 40% dos passageiros, sem perspectiva de retorno, fazendo o Estado colocar mais de R$ 250 milhões de subsídios públicos para cobrir despesas da operação.

E com a previsão de que, em 2023, esse valor varie entre R$ 400 milhões e R$ 500 milhões.

Expectativa é de que, dessa vez, o nome do novo diretor seja técnico
A escolha do novo diretor-geral do CTM, entretanto, será a indicação do governo de Pernambuco, no caso da governadora e do secretário de Mobilidade e Infraestrutura do Estado, Evandro Avelar. Isso porque, embora tenha onze anos de criado, até hoje apenas o Recife e o município de Olinda aderiram ao consórcio em dos 14 municípios da Região Metropolitana.

Havia a expectativa no setor de que o CTM fosse, mais uma vez, usado politicamente, como aconteceu na gestão do PSB. E que o órgão seria entregue ao PP. Mas tudo indica que dessa vez não será assim.

O nome do novo diretor-presidente do CTM seria técnico e ligado à gestão da governadora na Prefeitura de Caruaru.

O CTM substituiu a antiga Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU), num processo realizado na segunda gestão do então governador Jarbas Vasconcelos (MDB) e que teve, por coincidência, Evandro Avelar como secretário responsável pelo processo.

A convocação dos integrantes do CTM foi publicada no Diário Oficial do Estado desta sexta-feira (24/3) e acontecerá às 10h30, na sede do CTM, no Cais de Santa Rita, Centro do Recife.

O futuro diretor-presidente do órgão vai substituir Flávio Sotero, que está no cargo desde 2021.

Mudança necessária e urgente
A atual capacidade técnica do CTM é algo criticado há muitos anos no setor de transporte e, por isso, a mudança de comando se faz necessária, assim como uma ampliação dos quadros do órgão.

Os dois últimos diretores presidentes do CTM, o engenheiro mecânico e advogado Flávio Sotero e o advogado Erivaldo Coutinho, escolhidos na gestão Paulo Câmara (PSB), não conseguiram avançar no transporte público do Grande Recife.

Foram duas gestões fracas e que sofreram, é claro, com os impactos da pandemia de covid-19. Flávio, assim como Erivaldo, tiveram pouco diálogo tanto com o setor operacional como com a imprensa.

Os dois não davam entrevistas e toda a comunicação era feita por nota oficial ou, no máximo, através do atual diretor de Operações do CTM, André Melibeu.

Consórcio de transporte de mentirinha
Devolver a capacidade técnica do CTM é um dos principais desafios da nova governadora. Na série Eleições 2022: Desafios da Mobilidade Urbana, publicada em 2022, a Coluna Mobilidade mostrou que o órgão até hoje não cumpriu sua principal missão: atrair os 14 municípios da Região Metropolitana do Recife, fazendo-os entender que o sistema de transporte é um problema de todos os gestores públicos.

E, principalmente, do Recife, por onde passam 80% das linhas de ônibus do Grande Recife. Mas, apesar dessa realidade e de ter aderido ao consórcio, a capital nunca compartilhou, efetivamente, das dificuldades do setor, principalmente as financeiras.

Essa necessidade foi apontada como prioritária por especialistas renomados no Estado e no País, como o consultor de transportes Germano Travassos, profundo conhecedor do sistema metropolitano.

“A gente tem um consórcio público – o Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano (CTM) – extremamente potente para gerir serviços. Fizemos uma modelagem onde o Recife não perdia autonomia e o Estado só decidia junto com a capital. Mas o Recife nunca aderiu de verdade”, diz.

“É preciso compartilhar responsabilidades, inclusive e, principalmente, financeiras. Assim, o transporte terá uma capacidade maior de conquistar recursos e financiamentos. O futuro governador tem esse desafio. Assim, quando for a Brasília em busca de recursos, irá com o prefeito do Recife do lado”, reforça.

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