Marcopolo começará a produzir seu ônibus 100% elétrico ainda este ano

Da Agência AutoData
Foto: Cláudio Vieira (Secco Comunicação)

A Marcopolo já está preparando suas linhas para iniciar a produção em série, ainda este ano, do ônibus 100% elétrico, o Attivi, que foi homologado depois de passar por testes internos em campos de prova. Foi o que afirmou o presidente James Bellini, que lembrou que o modelo será ofertado ao mercado na versão integral, com chassi produzido pela própria Marcopolo, e na versão carroceria, com chassi de terceiros.

O início de produção, com um lote piloto, para a validação do processo de manufatura e logística é aguardado para até o fim do ano, e a entrega das primeiras unidades é prevista para o início de 2023.

A primeira etapa dos testes de certificação de freio foi concluída. Os demais sistemas estão em fase de homologação assim como os testes de durabilidade. Até o momento quatro veículos foram fabricados para testes e homologação.

Um dos testes teve como parceira a Suzantur, na área urbana de Santo André, SP, em trajeto curto e sem passageiros. Em Caxias do Sul, RS, onde o elétrico é produzido, também está sendo testado. Por ora a intenção é trafegar sem passageiros para análise e avaliação de desempenho, mas ao longo deste semestre serão anunciados testes em linhas normais.

Com 13 m 25 de comprimento e capacidade total para 89 passageiros sentados e em pé o Marcopolo Attivi elétrico possui autonomia de cerca de 250 quilômetros e recarrega baterias em até quatro horas.

James Bellini disse que que o produto possui alto índice de nacionalização, com mais de 50%. Com os parceiros já definidos a WEG será responsável por fornecer parte do powertrain do ônibus, os motores elétricos de tração e inversores e motores auxiliares. As baterias são da chinesa CATL com apoio da Moura. Demais fornecedores de componentes são do supply chain brasileiro, e trazendo alguns módulos eletrônicos que ainda não possuem produção local similar.

“Recentemente fomos surpreendidos com pedido de isenção dos impostos de elétricos importados, apoiado por fabricantes chineses que têm interesse de coparticipação no nosso mercado sem as devidas contrapartidas de investimento e geração de emprego locais. Acreditamos que será negado pelas autoridades governamentais.”

Projeto de lei do senador Irajá, PSD/TO, que propõe zerar o imposto de importação dos veículos elétricos e híbridos até 31 de dezembro de 2025, está prestes a ser analisado pela Comissão de Assuntos Econômicos. A ideia é retomar isenção existente desde 2016 que expirou em dezembro do ano passado como ferramenta de estímulo à venda de eletrificados.

Bellini lembrou que em abril trabalhadores da Marcopolo e de outras montadoras protestaram contra a redução a zero dos 35% de imposto cobrado de veículos elétricos feitos fora do País: “Esse ato pode ser o início da transferência de milhares de empregos para outros países, especialmente a China, além de gerar processo de desindustrialização no País”.

Quando a empresa optou por desenvolver o Attivi integral, segundo o presidente Bellini, foi porque não havia outra opção. Houve conversas com diversas montadoras diante da percepção do avanço dos chineses nesse segmento, mas àquela altura, quatro anos atrás, elas não tinham a perspectiva de ter chassi disponível para competir:

“Nossa essência é a de ser encarroçadora. O fato de termos o Attivi integral não significa que vamos abandoná-la. Trata-se de um produto que ajuda nessa briga para tentar barrar a entrada de empresas da China no Brasil com zero imposto de importação, pois ele foi 100% homologado. Nossa intenção não é produzi-lo em grandes volumes, mas pequenos e moderados, atacando mais o mercado de varejo, junto com nossos parceiros tradicionais, e encarroçando chassis”.

O executivo afirmou que a companhia está avançando para outra visão, na qual a diversificação passa a ser prioridade “até para não sermos pegos de surpresa de novo, na medida em que haja uma eventual futura crise”.

Reformulação: A Marcopolo investiu mais de R$ 200 milhões durante a pandemia em processos internos, produtos, soluções inovadoras: “Nosso plano foi apostar em inovação e investir em novos produtos para nos preparar para momento de retomada com uma empresa mais enxuta e competitiva”.

Bellini contou que a companhia apostou em transformação cultural que trouxesse mais transparência e acelerasse a digitalização para tornar os processos e decisões mais ágeis e positivos: “Contamos com sugestões de melhorias de colaboradores de todos os níveis da organização”.

Durante a pandemia também foi ajustada a capacidade de produção das fábricas e foram fechadas duas unidades, uma em Caxias do Sul e outra no Rio de Janeiro, RJ. As três plantas mantidas, duas em Caxias e uma em São Mateus, ES, foram “otimizadas e modernizadas com possibilidade de mais do que dobrar a produção do ano passado e agregar novos produtos”, assegurou Bellini.

Recentemente a empresa inaugurou nova divisão, Marcopolo Rail, para diversificar negócios e aproveitar a sinergia existente em produtos de mercado. Ela fornecerá people movers articulados, modal de transporte sobre trilhos com propulsão pneumática feito em Caxias, para o monotrilho do aeroporto de Guarulhos.

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