Sem políticas para tirar carros de circulação, trajetos ficarão 20% mais demorados

Do Portal Automotive Business
Foto: Renato Araújo/Agência Brasília

Um novo estudo da University College de Londres afirma que as grandes cidades precisam criar políticas públicas para reduzir o número de carros circulando, sejam eles elétricos ou a combustão. Caso contrário, é possível que se atinja um estado de colapso de tráfego.

O estudo monta um modelo hipotético de uma cidade com 50 milhões de habitantes e com 50 milhões de carros particulares em que todos os cidadãos usam o carro diariamente com o objetivo de utilizar o meio mais rápido para seu trajeto. Nesse cenário, obtém-se o resultado oposto: os trajetos ficam 20% mais demorados, no mínimo.

Embora seja um modelo um tanto extremo, os autores afirmam que o modelo matemático se aplica a qualquer cidade, especialmente aquelas em que mais de 90% dos trajetos são feitos de carro, como Houston, Dallas e Detroit, nos EUA.

Em São Paulo, os trajetos feitos com automóveis, sejam particulares ou compartilhados, ficam entre 50% e 60% do total. Mas isso pode mudar no futuro, pois a produção global de veículos está aumentando mais rápido do que a população: em 2019, foram 78 milhões de nascimentos e 80 milhões de novos carros.

COMO TORNAR OUTRAS OPÇÕES DE TRANSPORTE MAIS ATRATIVAS?

Segundo os autores, o ideal é criar políticas públicas que restrinjam o uso dos veículos e estimulem a população a usar outros modais de transporte. Mas eles reconhecem que, enquanto o carro for a opção de deslocamento mais atraente, os cidadãos irão preferi-los, criando um problema que afeta a comunidade como um todo.

“Enquanto dirigir na cidade for mais seguro, mais confortável e mais rápido do que usar transporte público, andar de bicicleta ou caminhar, as pessoas irão ser seduzidas pelo carro e muitas vão acabar dirigindo”, diz o texto.

“Convencer os motoristas a evitar trajetos de carro com apenas um ocupante, e também a usar transporte público, a pedalar e a caminhar é algo que não pode depender de uma única política, mas sim de crescentes opções de jornada, de acessibilidade e de rapidez. Uma cidade precisa de trajetos mais curtos e menos frequentes, acessibilidade para as pessoas andarem, ciclovias e mais transporte público, de modo que a melhor opção para todos não seja o carro”.

Entre as medidas sugeridas pelo estudo para tornar o automóvel menos atraente estão a diminuição dos limites de velocidade, semáforos designados a priorizar os pedestres, redução dos estacionamentos e aumento das restrições às ruas em que os carros podem estacionar. No sentido oposto, para tornar as demais opções mais interessantes, o estudo sugere calçadas maiores, faixas exclusivas para transporte público e mais vias sobre trilhos.

O estudo “A paradox of traffic and extra cars in a city as a collective behaviour” pode ser lido gratuitamente no site da Royal Society.

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