Do Wired*
Foto: Sarah L. Voisin/The Washington Post
Em 2020, no início da pandemia de Covid-19, a Metropolitan Area Transit Authority de Washington reduziu a oferta de trens do metrô e de ônibus na região da capital norte-americana. Agora, no caminho contrário, ela promete aumentar a oferta durante a semana, nos finais de semana, e também em horários noturnos, com algumas linhas de ônibus operando com ainda mais frequência do que antes da pandemia.
E, mais ainda, os passageiros pagarão uma tarifa fixa de 2 dólares nos fins de semana, em vez da tarifa com base na distância que viajam, e não terão mais que pagar pelas baldeações entre trens e ônibus. O plano irá “atender melhor às necessidades dos passageiros, refletir novos padrões de viagens e mudanças no estilo de vida, bem como atrair novos usuários”, declarou Paul J. Wiedefel, diretor de operações do metrô de Washington.
Esses novos padrões de viagem ainda permanecem obscuros. Mas as autoridades em Washington e em outros lugares estão refletindo sobre o papel que os ônibus, metrôs e trens irão desempenhar nas cidades transformadas por uma crise de saúde pública que já dura mais de um ano e que deixou uma parte considerável dos antigos passageiros trabalhando remotamente, talvez para sempre. As empresas de transportes em várias cidades dos Estados Unidos querem reconquistar os usuários e estão dispostos a tentar algumas estratégias inovadoras para isso enquanto o governo de Joe Biden decide o futuro de seu plano para criar um fundo nacional de suporte ao transporte público.
Cidades como Boston, Cleveland, Las Vegas, a área da baía de São Francisco e Nova Orleans estão oferecendo tarifas reduzidas ou viagens gratuitas, temporariamente, para atrair as pessoas de volta ao transporte público. Outras estão considerando simplesmente abolir as tarifas. Los Angeles está testando um projeto-piloto de 23 meses para oferecer viagens gratuitas a estudantes e residentes de baixa renda. E em Kansas City as autoridades cancelaram as tarifas em março de 2020 e não planejam trazê-las de volta.
“O retorno sobre o investimento por empatia, compaixão e equidade social supera em muito o retorno sobre o investimento em concreto e asfalto”, disse Robbie Makinen, diretor da agência de transportes da cidade, ao jornal Stateline, na semana passada.
Outras cidades estão mirando em uma vaca ainda mais sagrada: o serviço na hora do rush. Os trens urbanos, entre os subúrbios e os distritos comerciais do centro, já estão operando com mais frequência durante as horas do rush. As empresas compraram mais ônibus e carros de metrô para lidar com as multidões nesses horários de pico, contrataram operadores extras e até criaram serviços de estacionamento e transporte para facilitar a integração entre os automóveis e os sistemas de transportes. A ideia é justamente atender às pessoas que vão de carro para o trabalho, mas não querem enfrentar o trânsito em cidades densas.
Em Los Angeles, funcionários da ferrovia suburbana local, disseram este mês que testariam novos horários que “se afastassem” das normas pré-pandêmica da hora do rush, “em favor de uma abordagem mais equilibrada”, de forma que os intervalos entre trens fossem mais uniformes ao longo do dia.
Também em Boston, as autoridades retomaram os planos pré-pandemia e começaram a operar trens urbanos mais frequentes fora dos horários das 9h às 17h. É parte de uma visão maior para transformar o sistema em uma rede ferroviária regional mais justa, que atenda a outros públicos além do trabalhador de escritório tradicional. Os passageiros fora dos horários de pico têm maior probabilidade de ser imigrantes, mulheres, pessoas de cor e com renda mais baixa. A pandemia, como observou o grupo de defesa local TransitMatters, pode ter dado à operadora local o “espaço político” para fazer mudanças planejadas há muito tempo.
*Tradução e adaptação: Marcos de Sousa/Mobilize Brasil