Da Revista AutoBus
Fotos: ColombiaBus e Ministério dos Transportes do Chile
No Brasil, esse contexto tem condições positivas para que as operações não fiquem apenas a cargo do transportador, onerando seus negócios
Há algo de novo e diferente nos serviços de transporte urbano realizados pelos ônibus em duas importantes cidades da América Latina. Além da modalidade de fatiamento na compra e operação dos veículos, a participação de empresas fornecedoras de energia elétrica e de gás natural dita o ritmo para a implantação da infraestrutura específica para o abastecimento dos ônibus dos sistemas de transporte coletivo de Bogotá (Colômbia) e Santiago (Chile).
Na capital colombiana, o Grupo Vanti tem sido um braço direito da mobilidade para o fornecimento de gás natural à mais de 1.000 ônibus, como também no desenvolvimento conjunto de soluções para um sistema sustentável, que utiliza as mais recentes tecnologias em gás natural, tecnologia que se aplicam aos chassis desenvolvidos pela Scania. Recentemente, a empresa fornecedora de gás entregou uma nova estação de reabastecimento para a operadora Masivo Capital, concessionária TransMilenio. A nova instalação, desenvolvida pela por ela, teve investimento de cerca de US$ 5 milhões e facilitará a logística do abastecimento.
Ainda, segundo informações do portal ColombiaBus, outras estações serão entregues em 2021 e terão um investimento de cerca de US$ 7 milhões, todas com a mais recente tecnologia para distribuição e reposição de gás natural, que no momento é a energia majoritária na nova frota de ônibus troncais e zonais que foram entregues ao sistema entre os anos de 2019 e 2020.
Em Santiago, recentemente foi inaugurada uma estação de recarga elétrica para a maior frota de ônibus da América Latina com esse tipo de tração. O local fornece energia limpa e tem um sistema de autogeração composto por painéis solares fotovoltaicos. Com 15 mil metros quadrados, a infraestrutura possui 55 carregadores e capacidade para carregar simultaneamente 110 ônibus elétricos. Foram investidos US$ 80 milhões na construção desse empreendimento (que inclui a aquisição de uma nova frota com 215 ônibus elétricos). A empresa COPEC é a responsável pelos sistemas de geração energética e de recarga elétrica dos veículos.
Na cidade de Bogotá, a concessionária Enel é a responsável pela construção do pátio, da implantação do sistema de carregamento e a fonte de alimentação dos 120 ônibus elétricos do serviço SITP. “Estamos comprometidos com a transição energética, onde a mobilidade elétrica desempenha um papel fundamental. Com a entrega dessa infraestrutura de recarga ambientalmente amigável contribuímos para o progresso e sustentabilidade de Bogotá, que vive um momento histórico. Temos o prazer de fazer parte deste projeto e contribuir para ter um novo ar e transformar a forma como as pessoas habitam e desfrutam de sua cidade”, disse Lucio Rubio Díaz, CEO da Enel na Colômbia.
No Brasil, esse contexto tem condições positivas para que as operações não fiquem apenas a cargo do transportador, onerando seus negócios. Dividir tarefas é, sem dúvida, algo que muito impacta na sobrevivência do setor, que ressente da falta de novos conceitos e financiamentos para a sua modernização no cenário urbano.
E, o avanço da eletromobilidade em território brasileiro pode ganhar impulso nos próximos anos. De acordo com o portal WRI Brasil, dentre os 14 fabricantes mundiais de ônibus elétricos a bateria, oito demonstraram interesse no mercado brasileiro. As marcas BYD, Eletra, Foton, Higer, Mercedes-Benz, Skywell, Sunwin e Zhongtong informaram a intenção de ofertar 32 modelos de ônibus elétricos a bateria, sendo 12 da categoria Padron, 10 articulados e 10 de portes menores, com 8,5 a 10,5 metros de comprimento.
Ainda, segundo o portal, o aumento, tanto do número de fabricantes, quanto da oferta de modelos, traz mais competitividade ao setor e pode favorecer uma queda nos preços e mudança nas condições de aquisição desses ônibus.