Alemanha debate: há maior risco de contágios no transporte público?

Do Sustainable Bus / Mobilize Brasil
Foto: Europa Press

Associação de transportes da Alemanha responde a parlamentares e argumenta que os veículos coletivos não são os grandes vetores da Covid-19

Tal como no Brasil, os usuários de transportes públicos da Alemanha têm evitado o uso dos transportes públicos por considerar que o contágio pela Covid-19 poderia ser maior nos veículos de uso coletivo. O assunto se tornou alvo de uma polêmica, especialmente depois que os parlamentares do Partido Social Democrata (SPD) questionaram se os riscos de transmissão não estariam sendo subestimados.

A resposta, em meio a um debate acalorado no parlamento regional de Dusseldorf, veio da Associação das Empresas Alemãs de Transportes (VDV): “Ônibus e trens não são locais de maior contato com o coronavirus. E não é correto o entendimento de que o baixo número de casos no transporte público se deve apenas à dificuldade de comprová-lo”, declarou Ulrich Jaeger, diretor da associação.

Para apoiar suas declarações, Jaeger afirma que a VDV recebeu dados de 94 empresas de transporte locais de toda a Alemanha e que entre os quase 80 mil trabalhadores do setor, houve um total de 233 infecções confirmadas desde o início da pandemia, em março. E destes, segundo o executivo, apenas nove foram comprovadamente infectados durante o trabalho.

“O número de infecções foi particularmente baixo entre os funcionários que passam várias horas por dia em ônibus e trens e que têm contato direto com os usuários”, diz Jaeger. A explicação estaria no fato de que as pessoas usam obrigatoriamente máscaras nos coletivos e que permanecem a maior parte do tempo calados durante as viagens, que são rápidas na Alemanha. Outro fator de baixo contágio seria a eficiente troca de ar proporcionada pelos sistemas de ventilação e de ar-condicionado dos veículos, segundo o diretor da VDV.

Estudos internacionais

Ulrich Jaeger destacou que o risco de infecção no transporte público não é maior do que em outros locais públicos. No final de junho, por exemplo, a Charité Research Organization examinou cerca de 1.000 funcionários da Deutsche Bahn (empresa de ferrovias da Alemanha) com o objetivo de obter descobertas científicas sobre o risco do Covid-19 para funcionários e passageiros. O estudo mais recente foi conduzido por cientistas que examinaram o risco de infecção no metrô de Londres. “O resultado de todos os estudos: não há aumento do risco de infecção nos veículos”, enfatizou Jaeger.

“Na Áustria, a Agência de Segurança Alimentar reconstruiu cadeias de infecção com a ajuda das autoridades locais e não identificou infecção devidas à transmissão no transporte público. No Japão, um grupo de pesquisa da Universidade de Tóquio também foi incapaz de encontrar cadeias de infecção com referência a ônibus e trens em cerca de 3.000 casos investigados. E uma pesquisa do jornal The New York Times entre as empresas de transporte locais conclui que também não houve infecções em massa no transporte público na metrópole de Nova York”, concluiu Ulrich Jaeger. Os dados apresentados estão agora sendo estudados pelas autoridades e parlamentares alemães.

*Tradução e adaptação: Marcos de Sousa, do Mobilize Brasil

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